Ofícios de Tanabi
Tanabi é uma cidade composta de gente trabalhadora. Vamos neste trabalho, tentar de uma forma simples, enumerar muitos dos ofícios desenvolvidos no século passado. Muitos deles, ainda sobrevivem em nosso dia-dia; disputam em meio a modernidade e a tecnologia.
Quem viveu estes momentos, certamente irá recordar um passado não muito distante, um passado de glórias e lutas, de gente trabalhadora.
Todas as pesquisas e entrevistas foram feitas por nós (Terso Marcel Mazza) onde pudemos verificar a importância desses ofícios para o crescimento do município. Se alguém puder me sugerir algo que possa engrandecer o presente trabalho, agradecerei imensamente. Todos os artigos foram publicados no jornal "O Município" de Tanabi.
Nossas Lavadeiras
Vamos homenagear juntamente com este
semanário todas essas mulheres lavadeiras na pessoa da Sra. Lídia Martam
Vertuci que tem 88 anos de idade, dos quais mais de sessenta anos foram vividos
ao lado de um batedouro de roupas.
Nossas Lavadeiras
Cadê
elas? Onde andam?
Na
passagem do século vinte para o vinte e um, parece marcar uma ruptura em nossa
história. Mulheres do dia-dia de nossa comuna cidade que habitualmente não
vemos mais. Seria coisa do passado? Tanabi era cheio delas! Despertavam logo
pela matina e saiam em busca de suas trouxas, malas ou pacotes de roupas que
vinham em entrelaço num lençol de algodão, geralmente branco. Moravam nos
arredores e, em casebres simples, decorado por enormes varais coloridos de
roupas, feitos bandeirinhas de São João quando sacudidos pelo vento.
Pessoas simples e de pouco
vocabulário. Educação extrema. Professoras em tempos de classes isoladas, ás
aguardavam antes da partida, para entregar-lhes a trouxa. Pronto! Lá, vinham
elas equilibrando as trouxas na cabeça rua abaixo.
Sabão feito em casa, pedra de anil,
lata, tacho, vasca, escova, tina, batedor (prancha de madeira) confeccionada
pelo saudoso Bidú, eram os instrumentos de trabalho. Tudo sem pompas e
circunstâncias. Nada além do necessário.
Cisterna longa (setenta palmos),
onde os filhos ainda pequenos eram expressamente proibidos de chegarem perto,
sob a ameaça de uma “varada” nas pernas. Todo cuidado era pouco. Sarilho
engraxado com sabão, corda longa e uma lata de zinco com um peso ao lado,
mergulhavam buraco a fundo, dentro da cisterna em busca de algo precioso, a
água.
Em punho fechado, toda a mala era
lavada, fervida, passada em anil e engomada. Ficava pronta para receber o ferro
a brasa. Á pancada de roupas no batedouro, ao longe ecoando, ecoando... Lençol
de algodão em cor branca era estendido nas moitas de ervas-cidreiras e gramas
para receber o sereno da madrugada. Em tempos das grandes boiadas a correria
era uma só. Acudam! Acudam! Peguem as roupas! Motivo: poeira no varal, pozinho
fino e vermelho punham em xeque o serviço prestado no batedouro. Boiada
passada, tudo voltava ao lugar.
Roupa com cheiro de barrela e roupa branca
lavada, estendida sobre o arame farpado a corar ao sol era o troféu conquistado
num dia inteiro de serviço. Tudo seco. Ferro de passar transbordando de brasa
esperava para dar o inicio... A cada passada, um movimento feito ao do turíbulo
tinha que ser feito, senão, as brasas ofuscavam. Tudo pronto. Roupa lavada, engomada e
passada. Mala na cabeça, ia-se de domicilio a domicilio...
Os tempos foram mudando, surgiram os
sabões em barras, de marcas: “ Oreca” “Ypê”; em pó: “Presto” e “Omo”; produtos
químicos, ferros elétricos de marca Philipps e depois LG de baquelite. Modernos
tanques de cimento na cor vermelha e verde. Hoje, modernas máquinas...
Lídia Martem Vertuci |
Dona Lídia, mudou-se com seu esposo
Angelo Vertuci para Tanabi aos vinte anos de idade, vinda da cidade de Santa
Adélia-SP. Nasceu no dia três de setembro de 1924. É descendente de italianos.
Teve os filhos: Cleuza, Antônio e Divino. Aqui, iniciou seu ofício no Hotel
“Líder” de propriedade da Sra. Claudina e Joaquim Estevam de Oliveira (pais da
Sra. Maria Constâncio). Lá, lavou roupas
debaixo de uma mangueira por muitos anos. Chegou a lavar roupas para 16
residências ao mesmo tempo. Os tempos passaram e a idade juntamente com a sua
coluna vertebral lhe obrigaram a deixar a lida. Infelizmente não conseguiu
aposentar-se devido atos burocráticos dos tempos. É uma senhora feliz e sábia;
lúcida e positiva. Sua vida, podemos afirmar categoricamente, foi uma vida
pautada na honestidade, lisura, uma mulher que serve de exemplo a ser seguido
sem medo de errar. Cremos que seu lema foi somente o trabalho, labuta e muita
fé. É católica. Atualmente reside na Rua Francisco José Vargas, 31, centro de
Tanabi.
Nossas homenagens às senhoras:
Divina, Flôra, Joaninha Antunes, Lídia Martam Vertudi, Corina Rocha da Silva,
Josefina, Euvira Canela, Maria, Virtudes, Corina Larine, Aparecida, Emídia,
Isabel, Santa Piveta, Ana Canizares, Páscoa, Maria Avenila de Jesus, Lázara,
Júlia, Albina, Adelaide, Gertrudes, Brazelina Guarieiro, Joana Maria Prata,
Olinda Barravieira, Maria Teodora Pacheco...
Vocês foram rainhas do bom asseio
para o bem das roupas que tomaram e zelaram. Até a literatura ocupou-se das
lavadeiras: Júlio Diniz em “Pupilas do Sr. Reitor”, João de Deus em “Boas
Noites” e Cora Coralina em “lavadeiras”.
Fica aqui as nossas homenagens, Deus
lhes abençoe.
Outubro
de 2012
Terso
Marcel Mazza.
Nossos Alfaiates
E eles? Por onde
andam?
Será a globalização impondo mudanças
no tempo? Talvez, um olhar contemporâneo ou hodierno.
Muito comum no século passado,
Tanabi era muito bem representado por essa categoria. Um luxo. Impecáveis. Tudo
começa numa medida: 1,20 pra cá, 0,89 pra lá; - com licença, erga o braço,
pronto! Fita métrica de pano, trincada pelo tempo e pendurada no
pescoço.
Em décadas passadas, era comum ver
os “nossos” ateliês; geralmente modestos, tendo como endereço, a residência do
alfaiate. Porta de madeira com bandeira (peça que ficava em cima da porta e
tinha vidros), janela com tramela; em tempos modernos, pendente de louça com
perinha (interruptor) na ponta.
La dentro, a máquina a pedal e
correia de couro era a peça principal. Geralmente, embaixo da janela para
aproveitar a luz do dia. Sofisticação eram as máquinas: “Faf”, “Singer”,
“Vigorelli”, “Elgim”, “Nechi”... A marca era de acordo com a posse do alfaiate.
Às vezes, uma maquina manual ficava a postos, para socorrer quando quebrava a
correia da pedaleira. Isso! Somente para alguns.
Pedestais em madeira torneada era a
coluna sustentável para garantir uma boa medida e a devida marcação com os alfinetes.
Tesoura muito bem amolada, tecido passado na água e seco na sombra, o corte era
feito sob medida aonde não havia o uso padronizado de numeração preexistente. Ali
estava à elegância artesanal, a essência sob medida. Cada cliente com a sua
medida.
Casimira de marca “Aurora” e linho
cento e vinte era sonho de qualquer moço da sociedade.
Após
a composição do trio: calça, paletó e colete, o arremate vinha por conta de um
bom e pesado ferro. Em tempos de outrora, ferro a gás e ferro a brasa. A cada
costura, uma passada de ferro para garantir as dobras.
Jesus Francisco do Nascimento (Pé de Chumbo) in memorian |
Contraiu união estável com a Sra.
Deonilde Domingues e tiveram um quarteto de filhas: Jussara, Jucélia, Jucimara
e Josana.
Iniciou o oficio de alfaiate aos
doze anos de idade após concluir o quarto ano de grupo. Seu mestre foi o
alfaiate oficial Tessalônico Barbosa. Iniciou pregando botões e posteriormente
no corte e na costura.
O bom e velho “Chumbo” foi um
alfaiate de boa visão, habilidade manual e, possuía um senso estético
fantástico. Soube coser como ninguém. Linhas “Drima” e “Corrente” foi suas
companheiras inseparáveis.
O nosso “Chumbo” foi um cidadão que
muito contribuiu para o crescimento de Tanabi e faz parte da nossa história.
Brilhante jogador de Ping-Pong e tradicionalista no gramado, foi um grande
futebolístico do Tanabi Esporte Clube e campeão em Fernandópolis no ano de
1950, quando pertencia aquele time.
Como garçom, soube equilibrar muito
bem a bandeja e a simpatia. Tratava a todos com carinho e muito respeito. Pra
lá e pra cá. Lá vinha ele de bandeja em punho sem sequer balançar o drink. Bom pescador, pescou e repescou
até debaixo d’água. Como diversão, dançou as grandes valsas de tempos outrora,
passou pelo baião, xaxado, bailado, maxixe... Exímio dançarino. Era cobiçado a
todo instante em tempos de saudosos bailes. Atualmente reside na Rua Nove de
Julho, nº 4, centro de Tanabi. Deixo uma sugestão aos edis do poder legislativo
para a entrega de título ou um mérito qualquer.
Na pessoa de Jesus Francisco do
Nascimento saudemos nossos alfaiates: Otílio, João Ferraz, Olavo Ribeiro,
Nelson Alarcon, Paulo Leonardo de Oliveira, José Canizares, Miguel Víctolo,
Jovino de Oliveira, Esmeraldo de Brito, Carlos Posobom, Vitalino Monteiro,
Antônio Petronilo Neves, Ernesto Bília (Alfaiataria “Ideal”, déc. de 30),
Tessalônico Barbosa (“Alfaiataria Tessa”, com filiais nas cidades de
Votuporanga, Fernandópolis, S.J do Rio Preto e Monte Aprazível), Antônio
Scrochio (Alfaiataria “Ao Elegante”), Milton Scrochio (Alfaiataria “A
Insinuante”), Hipólito Pereira dos Santos (Alfaiataria “Hipólito”, déc. de 50),
Armando Destrutti (Alfaiataria Moderna), Sílvio Bertoz, Joaquim Vasconcelos,
Doroteu, Antônio, Pedro Cambuhi, José Pondiam, Toninho dos Santos Ribeiro,
Sebastião Policarpo...
Vocês foram artistas. Bons e velhos
alfaiates. Dominaram num todo o ajuste, o alargue, o alinhave, “casaram as
casas com seus botões”. Nos moldes em papel simples, souberam expressar a
magnitude e dar vida a arte.
Terso
Marcel Mazza
31/10/12
Crochês, bordados, tricô, ponto cruz, vagonite...
E a senhora Maria Ângela Hernandes?
Alguém conhece? Ei de apresentá-la. Católica, apostólica e romana
tradicionalista, é mãe de gente boníssima: José, Cristóvão, Miguel, Vicença e
Bernadina.
Estou falando do “Dado”
barbeiro. Geraldo Casado Aguiar. Ele mesmo. Nosso “Dado”.
Nossos Tintureiros
E com isso tudo,
vamos lembrar do Sr. Antônio Pereira da Silva. O “Perera”, ou “Pereira”
tintureiro.
Foi locutor na
rádio clube de Tanabi. “Pereira” e Alonso Belarmino (“Fumaça & Nhô Bela”)
faziam tradicionais programas sertanejos. Trabalhou na extinta escola de
“Comércio” e foi bom garçom. Mas nunca deixou de ser tintureiro. E lá se foram
cinquenta anos tingindo.
Nossos (as) Floristas
Que diga nossa florista de saudosa
memória, a dona Rosa Mioko Tanaka. Primeira mulher a instalar uma
floricultura na cidade de Tanabi.
Até então, a roça era o sustento de
toda a família. Com a inauguração do extinto mercado municipal (inaugurado no
dia quatro de julho de 1956, iniciando suas atividades no dia 16 de setembro do
mesmo ano. Atualmente – Paço Municipal), o casal montou uma banca de “secos e
molhados”, além de verduras, legumes e demais produtos. Na verdade, de tudo um
pouco.
Que diga o Sr. Raul Zanforlin que
desde menino iniciou na lida em meio aos animais. Homem alto de olhos azuis em
que a descendência europeia é firme até no contexto. Puro sangue de italianos.
Quem nunca arrancou ou mandou arrancar uma árvore defronte a sua casa para melhorar a infraestrutura da calçada ou do logradouro? Porque não, um novo visual na residência ou outra necessidade qualquer para a extração, haja vista, que um dano maior possa ocorrer na tubulação de esgotos ou na distribuição da água encanada.
Falo do seu
Fidelcino Marques da Silva, tanabiense nascido no dia trinta e um de março de 1924, na “Cachoeira dos Felícios” (grande
imóvel rústico assim denominado por ter sido habitado, há mais de um século,
pela família Felício, tronco dos Maciéis; banhada pelo ribeirão da Cachoeira e
seus tributários: o Belarmino, o Cambaúva e outros menores; limita-se com as
fazendas Jataí, Nova, Barra Mansa e com Rio Preto, sendo cortada pela estrada
de autos, Tanabi – Américo de Campos; pertence à 2ª. Zona Distrital de
Ibiporanga a partir do córrego da Cambaúva e o restante à zona da sede. *Fonte
- Sebastião Almeida Oliveira).
Segue os seus
passos na lida, a sua filha Marina Marques da Silva, 52; e suas sobrinhas:
Maria Rosa Felipe de Morais, 54; e, Benedita José de Oliveira, 43.
31/10/12
Crochês, bordados, tricô, ponto cruz, vagonite...
Este assunto é
assunto para a ‘vó’. Nossas ‘vós’.
Geralmente, uma cadeira almofadada
em horizonte com a televisão, denuncia o oficio praticado numa casa, ao lado,
uma lata antiga de bolacha qualquer transborda de linhas e agulhas. Agulhas
largas, pequenas, compridas, curtas, de número 1, 2, 3... Bastidor em madeira, linhas “Cléia”, “Drima”, de tudo quanto é cor e jeito.
Em época de romantismo, a bela e
noviça donzela dedicava seu tempo na feitura do seu enxoval. À prática e o
aprendizado vinha de mamãe e a correção ficava por conta da vovó ou vizinha
mais experiente que de longe, avistava a falta ou o pulo de determinado ponto.
Mulheres a espera do primogênito,
prestes a ser ama de leite, invernavam na confecção do enxoval. O feitio era
por tempo determinado. Nove meses e nem um dia mais. Pedido de casamento feito
e pedido aceito, a pressa se dobrava para tudo ser terminado a contento e a
tempo. Jogo de lençol branco em algodão com as iniciais do casal era o
requinte. Fronhas também.
Surge á revista “Agulhas de Ouro” e
o requinte se aprimora ainda mais. Novidades da capital passam a circular na
cidadezinha do sertão. Eis que em tempo de festa surgia senhorita de vestido de
linha onde era observada pelo bom gosto e admiração pelo feitio. Hum! – Caiu
muito bem na cintura.
Tricô em tempo de frio cai muito
bem, haja vista que a lã aquece. Pedrarias da o tom e o brilho em vestido
qualquer; verde, azul, prata... Realce. Vagonite, fuxico, ponto-cruz... Cada
mulher na sua especialidade.
Em tempo de escola antiga, que diga a
professora Encarnação Arenas que em suas aulas de arte, aplicava e ensinava o
tal feitio. Dúvidas? Era só chegar em casa e procurar a vovó.
Maria Ângela Hernandes |
Nasceu no dia 04 de janeiro do ano de 1919, e está
prestes a completar 94 anos de idade. Filha de legítimos espanhóis, o seu
típico sotaque á denuncia. Suas mãos almofadadas trabalham incansavelmente até
os dias de hoje. Faz mais de 80 anos que a Sra. Maria está no oficio. A prática
é tão aplicada que sua atenção é eficaz. Ultimamente, anda feliz da vida,
recentemente foi removida a sua catarata que a impedia de tecer alguns tipos de
nós e transpasse com a agulha.
Com sua agulha, vive fazendo tramas
com a linha. Num vai e vem contínuo a agulha passa e transpassa caminhos, solta
e se alinha. Tece um enredo.
Essa é a dona Maria. Ela reside na
Rua José Serafim da Silva, 1097, centro de Tanabi. Na pessoa dela, saudemos:
Carmela Borin, Eloisa Cucolichio, Lairde Mazza, Elen Hernandes, Ilda Andreazzi,
Rosalina Mazzei Cuoghi, Fátima Malone, Cleonice, Olinda Buzelo, Maria Romão,
Luiza Meneghetti, Laura Fernandes Mazza, Lídia Caprio, “Néna” Caprio, Marlene
Caprio, Marcia Laranjeira, “Tuti” Colombo, Dalva Sgargeta, Ana D’alva Scrochio,
Idalina, Eli Orueta, Militana Paranhos, Enrilaura Mazza Benini, Brasilina Galvani, Iolanda
Mendes, Ana Alves...
Vocês deixaram e deixam o vosso
contributo para nossa história. O lavor foi e continua sendo para algumas, a
sensação de prazer e expressão pela arte.
Nossos cumprimentos e nossa
admiração. Fiquem com Deus.
Terso
Marcel Mazza
Tanabi,
07 de novembro de 2012.
Nossos Relojoeiros
Ele se chama José Cavalin Olier.
Pessoa incrível. É de pouca conversa e muito sábio no seu ofício. É solteiro e
filho de legítimos espanhóis; sua religião é católica. Começou no ramo aos
vinte anos de idade. Nasceu no dia 10/11/1947. Ha poucos dias completou os seus
65 anos de idade. Tem mais de quarenta anos como relojoeiro. Seu mestre foi o
relojoeiro José Dias Fernandes. Sr. José Olier lamenta a perda do seu irmão
João Cavalin Olier, também relojoeiro, com quem trabalhou a vida toda. Mas
reconhece as circunstâncias de nossa vida.
Nossos Barbeiros
Nossos Relojoeiros
Que
diga o nosso bom e escritor Dr. João Soler Haro em um de seus contos: “Na casa
da fazenda havia um relógio...”. Cremos que a saudade bate no peito, né! Dr.
João.
Muito comum no século passado, às
famílias tinham um grande e imponente relógio de parede em suas salas. As marcas
eram diversas: Junghans, Reguladora ou outra qualquer. “Bim-Bam”; “Tom-Tom” era
o anúncio de meia em meia hora, ou, de quinze em quinze minutos. Geralmente, a
corda era fornecida pelo chefe da casa. Ai daquele que mexesse no relógio.
Em outras residências, às vezes
avistava-se um relógio modelo clássico ou estilo barroco em cima do móvel da
sala. E, era já, que as batidas anunciavam as horas. Horas do que? Talvez um
chazinho em xícara de porcelana, acompanhado com palitos franceses vindos da
padaria do “Ernéstinho” Lorenção.
Que diga o suíço na sua precisão e o
inglês na sua pontualidade. Até a torre da nossa matriz nos conduz com suas badaladas onde de
longe, os ventos trazem o som de seus bordões.
E os nossos avôs com seus relógios
de bolso: “Roskopf Patent”, “Mirvaine” “Omega”, “Tissô”, “Mondaine”. Antes de
dormir, a corda era dada para garantir a hora do dia seguinte. Cuidado e zelo
era primordial. Relógios viviam lustrados pelo bolsinho ao lado da calça. Bolso
que nossos alfaiates sabiam fazer respeitando o tamanho do relógio que o dono
possuía.
Algumas senhoritas possuíam relógios
de ouro ou banhado pelo precioso metal. Muitos deles envolvidos por uma capa em
que a tampa era uma rosa em metal precioso e um rubi no centro. Cada qual com
seu poderio econômico ou pelo tamanho da fazenda em que o pai possuía.
Hoje vamos falar de um
“sobrevivente” dos tempos modernos.
José Cavalin Olier |
Homem simples e honesto no que faz,
possui um conhecimento profundo da maquinaria de um relógio. Suas mãos possuem
uma precisão no desmonte de um relógio; é perfeito. É capaz de dar “vida” a uma
máquina minúscula. No barriler,
platina, roda de escape, âncora, roda de segundo e roda de centro, ele é
pioneiro. Conhece como ninguém todos os mecanismos de um relógio.
Como bom relojoeiro que é, possui
minúcia, paciência e disciplina. Essas são suas virtudes apesar de serem raras
em tempos modernos. Sua modesta relojoaria fica na Rua Benedito Sampaio, nº 41,
centro de Tanabi.
Na pessoa do senhor José Cavalin,
saudemos: José de Carvalho -“Officina Moderna” Rua João Pessoa (atual Cel.
Joaquim da Cunha), 327, centro de Tanaby – Déc. de 30; José Dias Fernandes -
Relojoaria “Reunidas” e “A Pérola”, Rua Cel. Militão, números 537 e 617, Déc.
de 50. Posteriormente relojoaria “Fernandes” de Julieta Cezar Fernandes; Sr.
Américo, Sr. “Chinê”, “Renê”, Izaltino Gonçalves; Sergio Gonçalves, Miguel
Rodrigues ou Seu “Migué relojeiro”- Relojoaria “Rodrigues” e Duvan (Relojoaria
“Zacarelli”).
Vocês deram e dão vida aos nossos
tradicionais relógios mecânicos: de bolso, parede, mesa, pulso. Mantêm a arte do
restauro, fazem peças e adaptações. Lutam contra as inovações tecnológicas, a
introdução no mercado de produtos de baixo preço e altamente descartáveis, além
de mudanças de hábito de consumo.
Deus lhes abençoem sempre. Dim-Dom!
Terso
Marcel Mazza
Tanabi,
14 de novembro de 2012Nossos Barbeiros
Que diga o italiano
Gioachino Rossini em sua obra: “Barbeiro de
Sevilha”, “Figaro cá!, Figaro lá! Rs.
Sábados matutinos em
tempos de outrora, sitiantes e fazendeiros vinham para a cidade fazer o aparato
de costume e de sempre: barba, cabelo e bigode. Cada qual com o seu barbeiro
‘de confiança’. Salão ou barbearia era local para contar a sacas colhidas, gado
leiteiro, marmélo, leitões; bate-papo generalizado. Local de discutir sobre boccia, “pelada” e seus times de
preferência. Que diga o dono do salão. Sabia de tudo um pouco. Verdadeiro local
de descontração nas manhãs de sábado onde a clientela era maior.
Tempos de bigode alto,
cavanhaque, barba e costeleta; cabelos de acordo com a época ou moda. O
arremate era por conta deles, os nossos barbeiros.
Cadeiras em ferro forjado
de marcas: “Atlante”, “Ferrante” e “Brasil”; onde na sua lateral costumava
ficar o couro assentador (peça para amolar a navalha) feito em couro e tecido.
Sua cara-metade, a navalha de marcas “Herbertz”, “Corneta”, “Solingen”. Num vai
e vem no couro, o corte ficava preciso. Um perigo na mão de amadores. O barbear
era clássico e havia sua pompa e sua formalidade: toalhas aquecidas, pincel com
pelos de marta (animal) davam o requinte. No canto do salão, uma tábua pequena
para atender jovens mancebos que geralmente não alcançavam na cadeira. Iniciado
o corte, a cochilada algumas vezes, era fatal. A promessa já vinha garantida de casa:
“se ficar quietinho, vai ter ou ganhar...”
Balcão modesto. Nele, duas
tesouras, ebulidor de louça, loção mentol, pedra humes, alcool... instrumentação
completa para início do oficio.
Barba feita e cabelos do
nariz aparados, la vinha a pedra humes ou as palmas-das-mãos molhadas com alcool. Tudo rápido para dar tempo de pegar a toalha e abanar a face.
Cabelos de todas as raças.
Gente de tudo quanto é tipo e cor. Máquina de raspar era manual. Borrifada de
água aqui e alí, barbeiro acolá do cliente, garantia bom corte através do pente
fino e máxima concentração; sempre deixando um dos ouvidos para captar as
informações do resto da clientela. As vezes arriscava um palpite qualquer em
determinado assunto.
Cabelo cortado, aplicava-se
um fixador caseiro feito de alcool e goma, para garantir o penteado até em
casa; uma esborrifada de talco qualquer e, o pincel corria solto entre orelhas
e pescoço para remoção do cabelos. Pronto! Espelho pra lá e pra cá era a
satisfação de serviço feito. Tudo certo? Quer que tira em algum lugar? A
resposta vinha em seguida: - Não. Quanto é?
Bastava uma chaqualhada na
toalha e a olhada para o próximo era convidativa. Vamos lá?
Hoje, lâmina de marca
“Gillette”, máquina elétrica, cadeira que sobe e desce, secador elétrico, barbeador
elétrico... No entretenimento: televisor moderno, revistas “Caras”, “Veja”,
jornal do dia e um bom ar-condicionado. Esses são os tempos modernos que o
nosso tanabiense vindo do bairro “malhador” vem enfrentando nos dias de hoje.
Geraldo Casado Aguiar "Dado" |
Casado com a simpática
Inês de Freitas Aguiar, pai de gente boa: Antônio Carlos, Carlos Alberto e
Geraldo Filho. Nasceu no dia 12 de julho de 1944. Está com 68 anos de idade e
56 anos no ofício de barbeiro. Iniciou aos 12 anos com o Sr. Vicente Ingraci
(adorava um carteado e, ai daquele que fosse interromper sua partida, a bronca
era dada). Filhos de legítimos espanhóis, “Dado” é católico e atualmente está
aposentado mas continua trabalhando.
Foi jogador no Tanabi
(modalidade Júnior.), corria como ninguém. Grande e bom folião carnavalesco; bom
jogador, exibe seus troféus e medalhas conquistados nesses anos a fora.
Participa do tradicional coral paroquial Sta. Cecília e sempre está prestes a
servir nossa comunidade onde quer que seja solicitado.
Geraldo Casado Aguiar é
gente boa para perder o tempo num bate-papo. Vale a pena. É amante incondicional
do Palmeiras Futebol Clube e ponto final, assunto encerrado. Rs.
Atualmente seu salão fica
na Rua Cap. Bonfim, número 357, centro de Tanabi.
Aproveitamos a
oportunidade e erguemos seus troféus aos demais barbeiros e cabeleleiros de
Tanabi onde rendemos nossas homenagens, saudemos: Ézio Batélo, Adão, Hildo,
Ado, Miguel, Pedro Felício, José, Manoel, Antônio (Niquinho), Edson, Nelson,
Luiz, Anderson, Rubéns, Marcos de Paulo Casarin (Finin), “Baiano” , Vagner...
Aos nossos BARBEIROS E
CABELEIREIROS nossas homenagens. Vocês deram e continuam dando a beleza através dos cortes muito bem
feitos. Neles, dedicação e amor. Fiquem com Deus. “Fígaro cá!”, “Fígaro lá”.
Tanabi,
21 de novembro de 2012
Terso
Marcel Mazza.Nossos Tintureiros
Lavar, passar, engomar,
tirar manchas e corrigir pequenos defeitos de roupas finas e algumas, exclusivas.
Ternos, saias, calças, vestidos, tapetes...
Atividade quase
extinta; tempos em que tudo era mais fácil e todos viviam muitíssimo bem. O
tintureiro deve conhecer muito bem a técnica para um bom tingimento. Às vezes,
a cor obtida não é a desejada, por isso, deve se manter o máximo de cuidado.
Ferro pesando de quatro
a seis quilos é a peça fundamental para o arremate. Eis um segredo ali e aqui,
cada tintureiro com sua técnica para remoção de manchas, dobras no tecido e
assim por diante. Uma camisa de linho para ficar bem passada, leva em torno de
vinte e cinco minutos.
Em Tanabi,
décadas passadas de glamour e brilhantina, um bom terno impecavelmente passado,
era o sucesso da ocasião. Quantas senhoritas não encaminharam algumas de suas
toalhas do seu enxoval para remover aquela mancha adquirida pelo tempo de depósito no baú. E aquela gravata de ceda? E aquela saia plissada que fora
atingida por uma gota de gordura na festa de alguém.
Aquela barra do
vestido ou da calça em que dia de festa deixou uma estória no clube, muitas
delas de amor e posteriormente casório.
Cabide de
madeira, mesinha em modelo francês revestida com um cobertor e sobre ele, um
saco alvejado (sacos que vinham com açúcar para o fabrico dos produtos)
adquirido na fábrica do Sr. Moscardini, Zuanazi e posteriormente família Mattos
– indústria de refrigerantes “Arco Íris”.
Prendedores de
madeira, varal de arame farpado e liso, pedras de anil em trouxinhas de pano
qualquer; na parede em reboco mal acabado, geralmente, um fio apontava entre
vigotas e terças em reta infinita com término numa tomada de louça e, nela, o
fio do ferro. Anteriormente, ferro a brasa.
Sempre ao fundo
da residência, um local para o artifício ou talvez o segredo. Fogão a lenha ou
balde com serragem sempre a espera da lata de dezoito litros para a fervura da
roupa. Tradicional tinta de marca “Guarany” ou “Tupy”.
Batedor de roupas
nem pensar. Bacia de zinco feita no Sr. Clarindo Roveran era a recepcionista da
peça. Lavagem feita na mão e com muito carinho e zelo.
O tintureiro na maior parte é um clínico
geral. Além da lavagem, tingimento e passagem da peça confiada a ele, faz
também alguns ajustes e consertos, ora fixar botões, ora acertar a barra quando
necessário e, coisas a mais se necessitar.
Pereira In memorian |
Nasceu no bairro de Ipiporanga – ibi-terra;
poranga-bonita (“Cachoeira dos Felícios”), no dia 07 de junho de 1935. É descendente
originário de brasileiros. Casou-se com a Sra. Ermide Boreli da Silva
(lavadeira) e tiveram quatro filhos: Marco Antônio, Paulo, Cesar e João
Felício. Era católico.
“Perera” foi
artífice no seu ofício. Foi gente educada e simples, conviveu na sociedade
tanabiense através de seu dom musical. Foi um grande músico na área da
percussão. Tocou na orquestra do maestro Silvio Bertoz, Bandas Municipais de
Tanabi, Monte Aprazível, Mirassol; banda Tropical do Ten. José de Souto Cirne;
viveu no Grêmio Literário, no Cruzeiro do Sul, Tangarás, T.C.C. Foi boêmio.
Conheceu todos os rítmos e deles, tocou o bailado, machixe, samba.
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Dupla Nhô Bela e Fumaça (Pereira) |
Iniciou o ofício
muito criança. Seu mestre foi o Sr. Antunes. Sua mãe, a Sra. Maria José da
Silva também foi lavadeira em Tanabi. Isso, falamos á setenta anos atrás.
Faleceu
no dia 16 de julho do ano de 1995, vítima de um acidente vascular que o havia
deixado enfermo por algum tempo. Nossa terra abriga teu corpo; aqui está
sepultado. Sua esposa, a Sra. Ermides, atualmente reside na Rua Gabriel José de
Oliveira, 68, fundos, bairro Jardim Brasília. Gente boa para
prosear.
Contudo,
saudemos: Antunes e Carmona – Tinturaria “Sabará”; Antônio Pereira – Tinturaria
“Lider”, André Moura, “Miguelito”, Tercília, Manoela Bibiano, Ermides Boreli...
Vocês foram
baluartes no ofício. Deram cores vibrantes, realce e novas “vidas” ao que era
ou parecia ser velho. Isso tudo, com muita luta e trabalho; acima de tudo, a
dignidade e esmero.
Que a Santa
Lídia, protetora dos tintureiros possa vos iluminar sempre. Obrigado por vocês
existirem.
Tanabi, 28 de novembro de 2012
Terso
Marcel Mazza
“...se no teu
verde ramo é que me enlaço...”, diz Luiz Fúmiz; “...sentindo que andou no ar,
um perfume de mirra...”, arremata João de Mello Macedo. Até os poetas usaram
delas e fizeram das flores suas expressões poéticas e artísticas. Plantas,
bouquets, cestos, arranjos, trabalhos
fúnebres, ramos, decorações variadas, jardinagens...
Tempos atrás, vasos de xaxins,
‘rendas’ portuguesas, antúrios... Eram o charme de moça recém casada exibindo
flores em sua residência. Tempos em que se faziam coroas
fúnebres de flores em ferro, com latinhas de óleo e, decoração em dia de
casamento, era feito em suporte de madeira com cones de latas pregados em torno, cheios de flores. Na igreja, cada santo (a) com sua flor. Tudo como de
costume.
Tempos em que pedido de noivado e
casamento eram feitos com um belo bouquet
de rosas para a dama e acompanhado de um lindo anel em ouro com pérola.
Rosas, tulipas, antúrios, girassóis,
lírios... Palmas vermelhas em caixão de rico e margaridas em caixão de pobre.
Em crianças, flores brancas. Mas tudo flores.
Casamentos, aniversários, noivados,
namoros. Até nos dias de hoje elas completam o ambiente e da um visual
brilhante. Que digam os românticos. Nossa Tanabi é tropical, prova disso
são nossos ypês (amarelo, branco e
roxo) que quando florescem, alegram nosso ambiente.
Rosa Mioko Tanaka (In memorian) |
Vinda do Japão. Chegou em Tanabi na
companhia de uma tia e foram residir no bairro da “Fortaleza”. Tinha ela,
quatro anos de idade. Posteriormente, vieram seus pais que procuravam uma vida
melhor, haja vista, o quadro de guerra que acontecia no país de origem.
Dona Rosa, nasceu no dia três de
março de 1928. Aqui conheceu e casou-se com o Sr. José Yoshio Kyomura e ajudou
a criar os seis filhos que com ele vieram do seu primeiro casamento: João,
Maria-1, Tereza, Maria-2, Marina e Mariza.
Loja no antigo mercadão |
Lá, permaneceram até o falecimento
de seu esposo, no ano de 1974. Dona Rosa vendeu a banca e, em sua residência
que ficava na Rua Cap. Daniel da Cunha Morais, 215, centro de Tanabi, montou uma
floricultura; tudo simples. Uma empresa informal que durou oito anos até a
vinda de uma fiscal da cidade de Votuporanga que lhe aplicou uma multa pela
informalidade que quase lhe custou o fechamento do pequeno comércio e tudo que
tinha economizado. Nascia ali, a “Floricultura Tanabi”, dessa vez, tudo nos
conformes da lei.
Dona Rosa foi uma mulher que muito
batalhou para criar os filhos que adotou. Colocou-se a disposição vinte e
quatro horas por dia no seu ofício. Eis que morria alguém e, lá, batiam na sua
porta em busca de flores; geralmente na madrugada. Atendia casamentos,
funerais, festas cívicas... Quantas noivas não passaram por ali. Aqui adquiriu
muitas amizades e com elas, ajudou nossa Tanabi. Era católica praticante e
pertenceu às diversas irmandades católicas e muito contribuiu para a igreja.
De bom coração, ajudou os pobres e
repartiu com eles o pouco que tinha; sempre atendeu a todos que em sua porta
bateu. Com idade avançada e doente, dona Rosa através de seus familiares, passou
a direção da floricultura no dia treze de março de 1988, para o Lúcio Alves
Garcia (o Lúcio da Floricultura); funcionário que com ela iniciou aos oito anos
de idade.
Dona Rosa da floricultura ou Rosa do
mercadão para os mais antigos, faleceu no dia três de dezembro de 1999. Seu
corpo está sepultado no Cemitério Central de Tanabi.
Saudemos nossos floristas que
fornecem e cuidam de nossas plantas: Lúcio Alves Garcia & Sandra de Fátima
Bueno Garcia – “Floricultura Tanabi” e Paulo Fernando Lissoni Leonardo &
Rosemeire Renesto - “Floricultura Sempre
Viva”. Lembremos também da “Floricultura Biduzim”, da Beti Batelo e “Mauro
Floricultura” do Mauro Cecílio que também tiveram floriculturas.
A vocês, as flores agradecem. Vocês
sabem perfeitamente a harmonia entre o tipo de flores e suas cores. Tem senso
estético nas decorações. O resto fica por conta dos poetas.
Terso Marcel Mazza
Tanabi,
05 de dezembro de 2012
Nossos "Carrinheiros" e "Charreteiros"
Ruas de terra.
Tanabi do século passado. Eis que chega o pedregulho na rua central da cidade.
Progresso! Calçadas com argolas de ferro na sarjeta à espera de animais vindos
da zona rural. Nossos carrinhos de tração animal.
Carrinhos com caçamba, rodas de
madeira, banco central revestido em pelego de carneiro ou pano qualquer, bom e
manso animal na tração. Geralmente, um cachorrinho em baixo do carrinho
acompanhava o percurso. Que digam nossos padeiros, leiteiros, verdureiros,
oveiros... Tempo em que o veículo era o tradicional carrinho.
Muito comum no sertão, os carrinhos
prestaram relevantes serviços ao homem. Em Tanabi não foi diferente. O ponto
dos carrinheiros era na Rua Marechal
Deodoro com a rua Cel. Militão, ao lado da antiga CPFL. Hoje, comércio de
carros usados. No local, chegamos a ter dezessete carrinheiros prestando variedades de serviços: transporte de
entulhos, areia grossa e fina, tijolos, telhas, pequenas mudanças (geladeira de
marca Frigidaire da General Motors,
guarda-roupas...). Carrinhos de tudo quanto era jeito, a gosto do freguês.
Tempo em que transportes e mudanças
“chicks” eram feitos pelo do Sr.
Pedro Andreazzi em seus caminhões de marca Ford e Mercedes, isso, para quem
podia pagar. Fora disso, adentrava em cena, os nossos carrinhos com seus preços
módicos.
Que diga os nossos ferreiros nas
confecções das ferraduras. Bom carrinho era comprado na oficina do Sr. Oliveiro
Batélo, o velho “Bidú”; oficina do Soldo e Lorenzon e, mais recente, madeireira
“Estrela”.
E as charretes? Lindas charretes com
desenhos verdes e amarelo ouro, sendo o vermelho de preferências das “damas” de
casas... Digamos noturnas. Alguém se lembra da “Toreira”, nome de guerra de
umas delas? Rs. Charretes com lindas capotas de cor preta era o xodó de
muitos. Era
romântico ver as charretes sendo conduzidas pelas ruas de pedregulhos, às vezes
de terra batida mesmo, e a turma ouvindo o trotar do cavalo e o indefectível
som das suas ferraduras. Como sempre, a charrete parece ser mais veloz.
Quando
estacionadas, as charretes ficavam de capota baixada. Quando em movimento
levando o cliente a capota era levantada para o abrigo do sol e também da chuva.
Quantas idas e vindas foram feitas à estação ferroviária de Tanabi em busca de
passageiros. O ponto das charretes era ao lado da atual padaria do “Ponto”, perto da rodoviária, cerca de alguns passos.
Raul Zanforlin In memorian |
Nasceu no dia quatro de maio do ano
de 1926, e, atualmente está com 86 anos de idade. Casou-se com a Sra. Maria Beás
Zanforlin e tiveram os filhos: José, Nilson, Anésio, Nelson, Iracema e
Aparecida. É evangélico.
Seu Raul trabalhou muitos anos como carrinheiro; fez de tudo um pouco com
seu carrinho. Tinha um cavalo de raça marga-larga, de sete palmos de altura e
cor “castanha”. Seu nome era “Néco”.
Atualmente, é aposentado em face de
seu coração ter lhe pregado um enorme susto. Acredita ele ser coisas da vida.
Mas sente muita vontade de trabalhar. Vontade mesmo. Residia na Rua Maria
Paulista, número 142- fundos; centro de Tanabi. Calmo e atencioso, gosta de
prosear infinitamente. Digo que é prazeroso ouvir seus contos.
Em seu nome, saudemos: Mariano,
Cassiano, “Guilin”, Calavãns, Moscal, Miguel, Carlos Avanço, Aparecido,
Francisco Câmara, Anésio, Roque, Tanaka, Aníbal, “Pernambuco”, “Canhoto”,
Francisco, José, Pedro...
Vocês deixaram algumas linhas para o
complemento da nossa história e muitas saudades de um tempo que não volta mais.
Foram homens de labuta. Deus vos
abençoe.
Tanabi,
12/12/2012.
Terso Marcel Mazza.
Nossos Seleiros e trançadores
Nossos Sapateiros
Nossas
estilistas e figurinistas, falo da Sra. Elenir Damião Machado, conhecida
carinhosamente como “Didi”. Sempre sorridente e pronta para servir, nasceu na
cidade de São José do Rio Preto no dia 06 de junho do ano de 1953. Mudou-se
para Tanabi ainda jovem, com vinte e três anos de idade e com ela, trouxe a
arte da costura; a fina costura.
Que diga a nossa cantora
Aparecida Alonso no auge de seus quase setenta e seis anos de idade. Ela nasceu
no dia 10 de março do ano de 1937, na cidade de Tanabi. É descendente de
italianos e mineiros. Sua crença é espírita.
Participou das
orquestras e dos conjuntos do maestro Silvio Bertoz, sendo cantora ao lado de
Rui Rocha e demais músicos: Pereira, Álvaro Jonas, José, “Piada”, “Tim”,
Euzébio Garcia, Leonildo, Ditinho... Os ensaios eram feitos na residência do
Silvio, ao lado da escola Ganot. Cantou muitos carnavais em Tanabi e toda a
região. Atualmente, dona Aparecida Alonso reside na Rua Barão do Rio Branco,
860, centro de Tanabi. É comum vê-la em nossas ruas distribuindo elegância e
charme através do seu andar compassado e sua inseparável companheira, a
sombrinha.
Nossos arrancadores de tocos
Nossos Seleiros e trançadores
Para
uma boa marcha seguida de charme, o animal devia estar muito bem arreado em
tempos antigos. Um animal muito bem “trajado” na montaria era digno de ser
observado por onde passava. Cabeçada, cabresto, rédea, boçal ou cabo de
cabresto, “peiteira”, arreio, baixeiro, barrigueira, travessão, estribo,
chinchado e laço era os paramentos para o bom e estimado animal. Às vezes, uma
espora em alpaca, bronze ou prata, enfeitava ainda mais a cena.
Tapa, rédea, cabeção ou abridão, “cuaieira”,
selote, mangóte e retranca era a tralha das carroças e charretes. Artefatos de
couro produzidos artesanalmente por nossos seleiros. Trabalho duro e complexo onde requeria muita paciência. Acima de
tudo, a expressão da arte e o dom.
Toda “tráia” em tempos de moda,
devia ter um acompanhamento, o reio, que era feito por nossos trançadores.
Elemento fundamental para determinar o andamento e o trote do animal. A
preferência e as qualidades eram diversas: reio - com duas pernas, duas ou três
argolas e na ponta a guasca; reio de uma perna com uma, duas ou três argolas
com guasca na ponta; piola - com cabo curto de madeira, quantidades de argolas
conforme o comprimento da trança com guasca na ponta; jibóia - trançado do cabo
até a ponta tendo como arremate a guasca; táca - com uma argola e duas tiras de
couro largas afuniladas e costuradas nas bordas com tentos de couro e
esculturas e desenhos no meio; reio de carroça ou charrete, que era de cabo
comprido com uma argola e trança curta com guasca na ponta. O comprimento
ficava ao gosto do freguês.
O bonito era ver o manuseio dos
reios no dia-dia. Muitas vezes, não era necessário atingir o animal e sim,
impor o andamento do trote apenas com o estralo da guasca. Para isso, a
habilidade do peão tinha que ser apurada com muita técnica. Do contrário,
punha os seus olhos em xeque. Alguns faziam questão do laço, muito usado no
campo.
Para
a garantia de uma boa “traia” recorria-se aos ‘seleiros’ e ‘trançadores’ de
Tanabi.
Que diga o Sr. Francisco Pereira da Silva, de saudosa memória.
Francisco Pereira da Silva In memorian |
Nasceu no dia 21 de abril do ano de
1934, na cidade de Guanambi – BH. Filho de típicos brasileiros baianos e
tradicional família católica onde seguiu até a sua morte que ocorreu no dia 29
de setembro de 2007, vítima de um enfarto fulminante. Trabalhou até o dia de
sua morte.
Ainda criança, mudou-se para a
cidade de Santa Albertina e ali, aprendeu o ofício de seleiro com o seu irmão
Nelson. Conheceu a senhora Carmem de Jesus e com ela se casou. Em busca de
novos horizontes e qualidade de vida, no ano de 1964, muda para Tanabi. Aqui, o
casal teve três filhas: Deolinda, Dórislei e Delcimar.
Sabendo e conhecendo artefatos de
couro, foi trabalhar no antigo e extinto curtume do Sr. Sebastião Goulart
(hoje, hotel em construção no bairro da Vila Tomáz), onde residia na colônia
ali existente. Vendo que o curtume não andava muito bem com suas finanças,
resolveu abrir o seu próprio negócio: a Selaria “São Francisco”, na Praça Stélio
Machado Loureiro, nº 215, atualmente salão de beleza em frente á rodoviária
municipal. Mais tarde, transferiu o local de trabalho para a sua residência
tendo em vista os tempos difíceis que se encontrava a economia do país.
Gente calma e boa de prosa, muito
trabalhou para atender nossos ruralistas e amantes da boa montaria. Baiano bom
de dança. Gostava de um “arrasta pé”; chegou a ser presidente do Clube de
Convivência da Terceira Idade, onde prestou relevantes serviços ao povo e a
cidade. Por muitos anos, foi premiado nos tradicionais passeios ciclísticos
como sendo o mais idoso; ele, e seu papagaio. Muito colaborou também com as
festas de “Peão” de Tanabi, doou muitos artefatos que fabricava e produzia: selas,
arreios além de prestar serviços aos peões e boiadeiros da região. Sua família
reside na Rua Polenice Celeri, nº 275, centro de Tanabi.
Na sua pessoa, saudemos os nossos
seleiros e trançadores: Gustavo F. Nogueira – “Sellaria Nogueira”, Rua
Conselheiro Antonio Prado (atual Cel. Militão) - ano de 1934; “Selaria
Paulista”, Rua Cel. Militão, 501, ano de 1942; Francisco Garcia “Selaria
Brasil”, Rua Cel. Militão, ao lado da Casa Esteves, ano de 1954; Primo Gurzoni
– “Selaria Paulista”, Rua Cel. Militão, 501, sendo depois, “Casa Paulista”
mudando para o nº 682, fone 72 1198; Eduardo Cavassane, “Nenê” Duó, Francisco,
Antônio Mazza, Nelson “trançador”, “Saravá”, Antônio Cardoso, José Cardoso,
Belarmino...
Tanabi agradece o trabalho e o
emprenho de vocês. Saudades de um tempo que não volta mais. Os trotes de nossos
animais ecoam somente na mente daqueles que viveram e vivenciaram tempos idos.
Tanabi,
19/12/12
Terso
Marcel Mazza
Artistas
de mãos. Tempos de outrora, onde se usavam botas de couro para abrir picadas na mata do sertão. Que digam nossos boiadeiros e vaqueiros da então calada e
quieta estrada boiadeira.
Martelo, pregos, taxinhas,
percevejos, cola, bigórnia, graxa, avental de couro, linha e agulha, são os
instrumentos principais para o traquejo. Em tempos de brilhantina, o sapato
(para quem podia) era sinônimo de status.
Reluzia nos pés, ainda mais em tempo estando na moda.
Para alguns: “sapato para ir à
missa”, “sapato para ir ao baile”, “sapato para dias de festas então somente...”.
Houve tempos, em que o baile na roça despertava alvoroço ainda mais em dias
chuvosos em que os sapatos eram transportados cuidadosamente em sacolas e
calçados somente quando adentrava ao terreiro (café); todo cuidado era pouco.
Só tinha aquele par.
Troca de salto, costura, tingimento,
sola nova, consertos em geral, faz parte do manejo e da arte de ser sapateiro.
Eis um toque ali, e tudo volta a ser como antes. Desde que, seja um bom sapato.
Hoje, a sofisticação é plena e a tecnologia comanda a produção.
Porta estreita está aberta na rua
Cel. Joaquim da Cunha, ao lado direito do número 549, centro de Tanabi. Lá
dentro, cheira a tinta, cola e graxa. Cheiros fortes num silêncio quebrado
pelos sons das pequenas ferramentas manuseadas pelo homem sentado num pequeno
banco de madeira com assento entrelaçados de percinta.
Ele se chama Alípio
Ribeiro Neves, conhecido carinhosamente com “mudinho”.
Alípio Ribeiro Neves 'mudinho' |
De descendência portuguesa com
certeza, pertence a uma família digna de trabalhadores. É católico, nasceu no
dia onze de janeiro do ano de 1936, na cidade de Serra Azul-SP; foi registrado sete anos depois do
seu nascimento na cidade de Bálsamo-SP, onde posteriormente mudou-se ainda
criança para a cidade de Tanabi. Atualmente conta com seus 77 anos muito bem
vividos.
Atencioso, atende todo mundo de
forma educada e não explora ninguém. Humildade lhe é peculiar. É amante de um
bom carteado e adora dançar. Mesmo com deficiência na fala, ele se comunica
perfeitamente bem com os seus clientes. Atualmente, reside no Lar “São Vicente
de Paula” que fica na Rua Olício Bernadino Viana, s/n, bairro Jardim Covizzi -
Tanabi. Faz 50 anos que exerce o ofício e está no mesmo lugar até hoje. É um
grande imitador de personagens políticos de Tanabi: José Siriani, Dr. Venizelos
Papacosta, Alberto Víctolo...
Viva nossos sapateiros: Milon
Ferreira da Silva – “Sapataria Pery”, Cel. Militão, 589 – Déc. de 50; Rosário
Andrignoli – “Sapataria Guarani”, Cel. Militão, 463 – Déc. de 50; Francisco
Garcia – “Sapataria Brasil”; Dagmar Bonfim – “Sapataria Bonfim” (segundo o
historiador Sebastião Almeida Oliveira, o primeiro sapateiro de Tanabi foi da
família Bonfim – ano de 1890 aproximadamente.); Primo Gurzoni, Valdomiro e
Gumercino (irmãos do Alípio Ribeiro Neves); Nelson Fantin, Lacrózio de Castro,
Leoni Mazuco, Jair, Antônio, Arnaldo Bertozi (Sanica), João Tangerina...
Nossa história é composta de gente
boa. Gente que contribuiu e continua contribuindo para o nosso progresso.
Terso
Marcel Mazza, 17/01/2013
Nossas Costureiras
Anos 50,60,70 … Apogeu da costura. Mulheres de cinturas
“finas”. Vestidos longos e saias godês, plissadas... Elegância feminina. Tanabi
do sertão.
Nossas
costureiras. Cada canto da cidade, uma. Aliás, muitas delas. Mulheres que
davam o tom de serenidade e respeito na vestimenta feminina da época. Boa
costura e goma perfeita era o visual que causava olhares vivos nos
modelitos.
Tempo
em que a moda vinha através dos filmes exibidos no cinema “Cine Rio Branco”;
revistas: “Jornal das Moças”, “Manequim”, “Querida”, “Vogue”; atualmente:
“Caras”, “Contigo” e demais tabloides especializados em temas (casamentos).
Organza,
organdi, crepe, algodão, cambraia de
linho, tafetá, renda portuguesa e francesa, cetim, guipir... Máquinas a pedal,
tesoura de marca corneta, posteriormente “Tramontina” ou “Cavalinho”; dedal de
louça ou metal, fita métrica de tecido e caderneta para anotar as medidas e a
prestação (fiado) da cliente era comum nas mesas improvisadas das nossas
costureiras.
Tempo
de festas, bailes, formaturas; máquinas “Singer” e “Vigorelli” trabalhavam a
todo vapor. Feitura corria solta. Ai da dama que deixasse para a última hora,
corria o risco de ter que repetir a roupa no evento.
Modelo
pronto e passado, só era visto em hora e dia determinado. O resto, vinha por
conta do desfile e apreciação entre os pares.
Elenir Damião Machado |
“Didi”
é de descendência italiana, percebe-se pelo jeito de se comunicar. É católica.
Faz mais de cinquenta anos que está no ofício. Esbanja prática e conhecimento
no que faz. É fina. As máquinas: reta, overlock
e galoneira se interagem muito bem em suas mãos. O vai e vem é certeiro. A
regência entre as agulhas é plena e o golpe no arremate é perfeito. Impecável.
Reside na Rua 9 de Julho, nº 1075, centro de Tanabi.
Saudemos
nossas costureiras: Edinir, Isolda, Mariana Targa, Vera Alice, Vanda, Laura
Canhizares, Lúcia, Maria Cáprio, Lairde Mazza, Ana Maria Esteves Estrela
(“Nica”), “Lôla” Caprio, Hermantina de Oliveira Villela – Atelier de costura,
déc. de 40. Maria José Castro Aguiar “Escola de Corte e Costura”, fundada em 23
de maio de 1943 - Ficava na Rua Sete de Setembro, 355, ao lado do Hotel
Central. Ecléia, Aurélia Andrioli, Alzira Orueta, Olga Galvani, Iracilde Neves,
Maria Moreira, Noélia Canela, Teresinha Rodrigues, Jacilda Licione Leonardo,
Teresinha Avanço, Margarida Borin, Laura Fernandes Mazza, Santina, dona
“Preta”, Ademar, Sônia Savatin, Lena, Perciliana, Marinês, Ivete Batelo, Lurdes
Assis, Elena Longo, Militana, Margarida, Madalena Campanhola...
Vocês
transformaram e transformam um embrulho de pano em lindos e belos vestidos.
Arte da construção. Deus vos abençoe.
Tanabi,
23/01/13
Terso
Marcel Mazza
Nossos Podadores
Eis
a figura do ilustre Baltazar Roberto Poltronieri. Tanabiense da gema. Nasceu no
dia 09 de janeiro do ano de 1955. É católico e descendente de italianos.
Nossa Cantora
Nossos Podadores
Tanabi, cidade do sertão. Clima tropical e
ameno que é beneficiado pela construção dos lagos artificiais dos rios Paraná e
Grande. Aqui, é difícil a espécie de árvore que não se adapta com o nosso
clima. Oitis, sibipirunas, ypês,
canelinhas, sete copas, quaresmeiras roxa, figueira benjaminas, fícus... São as
espécies mais comuns de nossa cidade.
Por
sua imponência e utilidade, as árvores ornamentais são obrigatórias em qualquer
paisagismo, produzem as disputadas sombras em dias austeros de sol bravio e
permitem a reprodução de nossos pássaros, esbanjam cores e enfeitam nossas ruas
com suas flores e pétalas que circulam pelas ruas conforme o vento determina,
pra lá e pra cá.
A
conservação das arvores é um atestado de maturidade de um jardim ou uma cidade.
Nossas arvores são bonitas, dignas de serem apreciadas no seu florescer; cada
qual no seu tempo determinado. Viva a primavera! Viva a natureza! Natureza,
como tu és bela.
Em nossos logradouros, podemos observar variedades de árvores e seus
tipos de ornamentações; cortes quadrados, retangulares, oval, reto, redondo...
Tudo em perfeita sintonia com a natureza. O gosto pelas espécies vem de quem as
planta. Para que tudo isso ocorra, é necessário um bom facão, serrote de marca
“Griffe”, escada, tesoura de poda e uma boa lima para afiar e garantir o corte
certeiro.
Baltazar roberto Poltronieri |
Menino
bom de prosa, Baltazar é solene naquilo que faz. Tem visão de perfeição e
habilidade com suas ferramentas. Entre uma copa e outra, é hábil no seu
cigarrinho de palha envolvido com fumo da marca “Galo” e às vezes um
tradicional “Goiano”.
É
perfeito no seu ofício, um “artista plástico” de nossas árvores. Faz questão de preservar as árvores e
principalmente suas copas e, as mantém longe da fiação elétrica para não causar
danos. Antes de qualquer poda a observação é segura e revista em cada canto da
copa, haja vista, que pode deparar-se com uma inesperada caixa de marimbondos ou
ninho de passarinho qualquer, todo cuidado é pouco.
Está
na lida faz mais de trinta anos e tem orgulho do que faz. Atualmente reside na
Rua Eduardo Alves Ferreira, número 27, bairro Nova Tanabi.
Saudemos
nossos podadores de arvores: João Ribeiro, João de Matos Ferreira, Manoel
Xavier de Castro, Antônio, “Paçoca”, “Marajá”, Ernesto, José, André... A poda artística e sua forma geométrica
ornamental é bonita. E disso, vocês entendem perfeitamente bem. Deus vos
abençoe.
Tanabi, 30 de janeiro de 2013
Terso Marcel Mazza
Hoje,
abro um parêntese em nossos artigos “Ofícios de Tanabi”. O carnaval pede
passagem. O momento é propício e alegre.
Grêmio Literário e
Recreativo de Tanabi, Sociedade Recreativa “Cruzeiro do Sul”, Corso, Clube dos
“Tangarás”, Tanabi Cestobol Clube, Clube dos Trabalhadores (Municipal), Escola
de Comércio (“PuxaTeta”). Clubes e desfiles que marcaram sem dúvida alguma, a
trajetória cultural e artística de Tanabi em especial o nosso carnaval.
Aqueles bailes
carnavalescos de antigamente, com muita luz e brilho regado ao lança perfume e
a alegria. O som de nossas orquestras e bandas foram contagiantes. Principalmente
quando os naipes de instrumentos se fortaleciam no solo e passavam do piano
moderato para o forte – fortíssimo.
Quantos namoros
começaram timidamente em nossos carnavais? Quantas paqueras (flertes)? Quantos
“quilômetros” não foram rodopiados em nossos salões ouvindo o som maravilhoso e
acústico de nossas orquestras? Tempos de “Bandeira Branca”, “Pierrot
Apaixonado”, “Confeti”, “Chiquita Bacana, laaaaa da Martinica”.
Fantasias, confetes e
serpentinas, lança perfume, bastão decorado com pedrarias. Alvoroço
generalizado na cidade e na confecção das fantasias, segredo absoluto entre os
blocos. Nossas exuberantes rainhas e seus reis no círculo contagiante
musical que era esperado durante o ano todo.
Dona Cida, é gente
modesta e fala em tom menor; é calma e serena por toda vida. É artista. Compôs
os hinos do “Centro de Convivência da Terceira Idade” onde é sócia fundadora e,
do projeto “Raioz de Luz” de Tanabi, além de outros ligados a sua crença.
Presta relevantes serviços à comunidade. Participa de nossos corais e é cantora
por excelência. É filha do Braz Alonso (cantor e violinista) que tinha um
programa na Rádio Clube de Tanabi chamado “Pratas da Casa”; nele, apresentaram-se:
Zulema Ferraz, Nelson de Castro, Euzébio Garcia, Spartaco Scrocchio, Leonilda
Bula e Barbozinha... Cremos que sua “genética” musical veio daí.
![]() |
Cida Alonso quando cantava na orquestra do Sílvio Bertoz |
Tivemos a “Tanabi
Orquestra”, Orquestra “Ayndaes”, Orquestra “Sul Americana”, todas elas do
maestro Silvio Bertoz, além do conjunto “Silvio
Bertoz & seu Conjunto”, José Vieira e & Conjunto, Orquestra “Tiroleza”
(Ten. Cirne), “Cirinho e & Orquestra (Moacir Bertozi), “Cirinho Banda Show”
(Moacir Bertozi), Banda “Tropical” (Ten. Cirne), além de nossas tradicionais
bandas musicais de coreto e demais conjuntos modernos.
Tivemos
várias marchas de carnavais compostas por nossos músicos dentre eles, cito o
professor e saudoso Antônio Monteiro (in memorian), o nosso “Monteirinho”.
Para esse carnaval,
deixo um trecho de autoria do “Monteirinho”:
...a moçada faz samba e dança no pé / S’imbora agora, é carnaval
rapaziada...
Terso
Marcel Mazza
Fevereiro/2013 Nossos arrancadores de tocos
Quem nunca arrancou ou mandou arrancar uma árvore defronte a sua casa para melhorar a infraestrutura da calçada ou do logradouro? Porque não, um novo visual na residência ou outra necessidade qualquer para a extração, haja vista, que um dano maior possa ocorrer na tubulação de esgotos ou na distribuição da água encanada.
Eis que
surge novo projeto de construção e a árvore lá existente não se encaixa nos
padrões da arquitetura ou paisagismo pretendido ou então, há a necessidade de
nova muda, devido á moda paisagística ou simplesmente arrancar para não haver
sujeiras no local.
Árvores de
tudo quanto é jeito e tamanho: grandes raízes, longos peões; madeira dura,
grossas, finas, copas com altos diâmetros e assim por diante.
Contudo,
para à remoção, precisamos de gente com mãos calejadas e que tenha força nos
braços para o ataque com o machado.
Fidelcino Marques da Silva |
É
descendente de mineiro e italiano, seu nome (Fidelcino) vem de seus ascendentes:
tataravô, bisavô e avô. Professa o
catolicismo no qual foi criado e tem muita Fé.
Homem de
olhos verdes claros, é um gentleman. É
homem de modos e fina educação: “Sim Senhor; Pois é, Senhor”. No auge de seus
89 anos, quase “todos” dedicados á zona rural, já fez de tudo um pouco. Foi
lavrador, furou cisternas, roçou pasto, partiu (rachou) madeira, e sempre arrancou
tocos de tudo quanto foi tipo de árvores. Considera o cedro como sendo uma das
árvores mais fácil de arrancar e, a oiti, sendo uma das mais difíceis.
Seu maior
desafio foi à retirada integral das árvores do “Campo Santo” (cemitério), onde
não causou um “arranhão” sequer em um jazigo. Atualmente, está aposentado em
face de um acidente vascular. É viúvo e, possui união estável com a Sra.
Benedita Diarcompare, há mais de 30 anos, do qual vive imensamente feliz ao seu
lado.
Pelos seus
relevantes serviços prestados ao povo e a cidade de Tanabi, recebeu o título de
cidadão emérito tanabiense no dia três de julho do ano de 2006. Atualmente,
reside na Rua José Serafim da Silva, número 965, centro de Tanabi.
Marina, Maria e Benedita |
A vocês, a
nossa gratidão e o reconhecimento do vosso trabalho. Deus vos abençoe.
Tanabi,
12 de fevereiro de 2013.
Terso
Marcel Mazza
Nossos Pipoqueiros
Esta
hora que nos acontece, ainda sobrevive aos dias modernos de hoje, falo do Sr.
Ponciano Ceregatti. É descendente de italianos e nasceu no dia vinte e dois de
outubro de 1937, na cidade de Jaci – SP. Aportou por essas terras do Jataí,
mais precisamente no “Córgo do Meio” (afluente existente no bairro sendo ponto
de divisas e demarcação do local) bairro de Ecatú, no ano de 1973, vindo
posteriormente para à cidade assim que contraiu matrimônio com a sua primeira esposa,
a Sra. Aparecida Barradas. É católico.
É
um artista completo, simples. Expressa o primitivismo em suas obras. É escultor
de mão-cheia; suas obras são encantadoras. Retrata o nosso sertão, a vida no
campo, o homem sertanejo e o modo simples de viver. É observador fiel de coisas
boas e homem bom para prosear. Vale a pena conhecê-lo. Atualmente, reside na Rua
Barão do Rio Branco, número 502, centro de Tanabi.
Nossas Locutoras
Nossos Pipoqueiros
Sentinelas a céu aberto. Eles guardam nossa praça
central, armados de carrinhos de pipocas e guloseimas. Fogareiro simples,
panelas adaptadas para o estouro do milho, banquinho de madeira, garrafão
d’água e demais apetrechos são as ferramentas necessárias para uma noite de
trabalho. Fim da tarde. A lua pede licença para eles adentrarem em nossa praça.
É noite.
Carrinhos de latão envolvidos por vidros, portinhola com pequena tramela, fecha e abre
(“nhéque”, “nhaque”) á todo momento, eis uma pipoca aqui e acolá. Em dias de
festa, é uma festa. Linda praça decorada com nossos pipoqueiros. E as bexigas
rococós, bojudas, retas, brancas e listradas, presas numa roda de bicicleta?
Todas elas enchidas no fole e amarradas com barbante adquirido na venda do
seu “Vespa” ou do “Vendramini”; falo em tempos de outrora.
Tempos
de balas “Piper”, “Chita”, “Sete Bélo”, “Sófti” sendo que hoje, o “Trident” e o
“Ralls” dominam a preferência juvenil.
O
relógio de marca “Michelini”, instalado na torre da matriz é ponto determinante
para o comando no fogareiro; missa acabando, nova “estralada” está por vir.
Fumaça branca e cheirosa convida todos ao consumo da mais gostosa das pipocas,
as de nossos pipoqueiros. A recepção é una: - Boa noite! O que deseja? E nossos
olhos passeiam ininterruptamente sobre as pequenas prateleiras dentro do carrinho:
pirulito, chupe-chupe, chicletes, hiô-hiô, máscaras, amendoim, “Maria mole”,
torrone, paçoquinha e, tempos atrás, pedaços de pudim caseiro. A praça em que
“meninamos”, era cheia deles. Algodão-doce, pipocas, raspadinhas... E agora?
Ponciano Ceregatti |
Após o falecimento de sua esposa, contraiu segunda núpcias com a Sra. Eloiza
Trindade, sua companheira na lida. Seu Ponciano, é gente boa toda vida, gosta
de uma prosa e aprecia uma boa moda caipira sustentada por uma sanfona de cento
e vinte baixos; gosta de leitura como ninguém.
Esculturas realizadas por Ponciano |
Saudemos
nossos pipoqueiros de ontem e de hoje: Gonçalo Lopes, Ana Maria de Jesus
(Bilica), “Mané” do cavaco, Dorival, Antônio Brajato, “Lorde”, Edgar, Jesus,
Eloiza Trindade, Antônio, José Panta, Nelson (algodão-doce), Goiano
(raspadinha), Dorival Pessoa, Valdomiro Montrezor, Antônio Manzani (déc. de 30
e 40), Laudelino, Antônio “Manco”, “Tonha”, Nica “tonta”, Bila...
Deus
vos abençoe sempre.
“Rebenta
pipoca, Maria sororóca, rebenta pipoca, Maria sororóca...”
Tanabi, 20 de fevereiro de 2013.
Terso Marcel Mazza
Aos vinte e oito dias do mês de setembro do ano de mil
novecentos e quarenta e sete, era inaugurada em Tanabi a nossa emissora de rádio,
a ZYM4. Atualmente, rádio Clube de Tanabi. Tempos românticos em que se mandavam
dedicatórias musicais para a pessoa amada. Antes da ZYM4, tínhamos um alto
falante que reproduzia através de discos de vinis, notícias da guerra e do
governo federal.
O
progresso aqui chegou e junto dele, o sucesso da informação; tecnologia de
ponta com transformadores a válvulas eram o topo na modernidade radiofônica.
Rádios modernos, perfilados em madeira de lei com vidros bizotes ou bombê eram a
elegância em cima de um móvel qualquer na sala ou na cozinha. Com 100 wats de
potência na antena, a ZYM4 era ouvida e apreciada numa vasta região que chegava
a abranger os estados vizinhos de Minas e Mato Grosso. Notícias esportivas,
sociais, políticas...
Tempos
das valsas modernas na voz de Francisco Petrônio, tangos, boleros, chá-chá-chá;
ritmos mexicanos, franceses, paraguaios... Muitos foram os programas
apresentados em nossa emissora, a ZYM4.
Neuza Aparecida de Oliveira |
Neuza
nasceu no dia vinte de maio do ano de 1940, na cidade de Mirassolândia – SP e
mudou-se para Tanabi no mês de janeiro do ano de 1948. Logo, aos doze anos de
idade, foi trabalhar na livraria “Brasil” de propriedade do Dr. Luiz Gonzaga.
Posteriormente, passou a trabalhar no “Cine Rio Branco”, de propriedade da
família Polacchini em que a gerência ficava a cargo do Sr. Hermes Pifer. Lá,
trabalhou na bombonière do cinema.
Neuza de Oliveira é católica. Tradicionalista em coisas boas e de qualidades,
ainda mais quando se fala em música. É uma enciclopédia musical.
Entrou
para a ZYM4 para nela, fazer brilhante careira como locutora e prestar
relevantes serviços ao povo de Tanabi e toda a região. Conheceu o Sr. Ayrton
Pires Domingues e, dessa amizade, renderam bons frutos.
Atuou
em diversas programações da emissora e conheceu de tudo um pouco. Foi ancora de
muitos programas dentre eles, alguns musicais: “Para mim, para você”, “Seu
artista favorito”, “Sociais M4”, “Desfile de Orquestras”, “Canta o México”,
“Melodias Favoritas” e tantos outros que a memória não resgata mais. É critica
musical e tem bom gosto, ouve música romântica, música de raiz, e se encanta ao
ouvir um som de uma orquestra. Foram trinta e nove anos levando bom gosto na
locução através de seus programas.
Atualmente,
esbanja elegância e carisma por onde passa. É mulher batalhadora e simples.
Reside na Rua Nove de julho, número 254, fundos. Quando se quer qualidade
musical, vale a pena conversar com a nossa locutora Neuza de Oliveira. Saudemos
nossas locutoras: Maria do Carmo Silva, Carmozina, Mara Pretel, Rose Vieira,
Maria Locateli, Geni de Oliveira, Santa, Geny Garcia, Dra. Elta Lily Cerqueira
de Lima Santana...
Deus
vos abençoe sempre.
Tanabi, 26 de fevereiro de 2013
Terso
Marcel Mazza
Nossos Mecânicos
Tanabi pequenina em meio a dois regatos ainda crescia no século passado; sendo conhecida como boca do sertão. Cidade aflorando em meio ás
matas virgens e população crescente. Carros-de-bois, mulas, burros e cavalos,
eram o meio popular e habitual de transporte. Lugar distante e, ao mesmo tempo,
parada obrigatória de viajantes e tropeiros que passavam pela estrada
“Boiadeira”- “Tabuado”, única via de transporte por essas bandas. O transporte
era precário, quase nem existia. Tudo era feito no lombo de animal.
Carro-de-boi era sofisticação e havia poucos naquela época. Carrinhos e
charretes estavam por vir, havia poucos e, os que tinham, era novidade.
O
primeiro automóvel que trafegou na cidade de Tanabi, veio no ano de 1915, vindo
pela estrada “boiadeira”. Pertenceu ao fazendeiro João Alves Monteiro (*08/03/1872
+27/11/1949), irmão do então Cel. Militão Alves Monteiro. No dia dezesseis de
agosto do ano de 1925, correm as primeiras jardineiras em Tanabi. O primeiro trator
que adentrou ao município foi na década de 30, adquirido por Lázaro Alves
Ferreira. Não
demorou e vieram os “fordinhos 29”, com motores de arranque iniciados por
manivela e limpadores do para-brisa, manual. Seta, nem pensar. Luxo e admiração
para a época. Com isso,
surge os nossos mecânicos, raridade em toda região.
Luiz Páttaro (Dídio) |
Sua
memória está em estado de graça, é lúcido. Diz ele: “quando aqui mudei, na Vila
Tomaz só havia três casinhas”. É católico. Trabalhou como mecânico quase
cinquenta anos. Fez de tudo um pouco, foi “clinico geral” na mecânica. É grande
conhecedor de modelos e marcas antigas: Ford 29, Chevrolet, Jipe, Wilis,
Maverick, Morgan, Rolls Royce, Fords V8, Mercedes, Classic, Sinca, Fenemê,
Decavê, Romizeta... Em meio às porcas, arruelas, anéis, pistões e induzidos,
soube levar a vida e o oficio com dignidade e muito trabalho. Diga-se de
passagem, um mecânico de mão-cheia e experiente na ferramentaria.
Atualmente,
reside na Rua Sete de Setembro, número 509. Gosta de prosear e é bem quisto na
vizinhança. Em seu nome, saudamos os nossos mecânicos de ontem e de hoje:
Virgilio Creazo (déc. de 20), Aparecido de Aguinir (Déc, de 30), Luiz Longo e
José Dari (Déc, de 40), José Barroso Molina (o almoxarifado municipal leva seu nome),“Veloso”, “Tim”, Irmãos Pivaro, Pedro, Oscar Lorenção
(pardal), Antônio Cardoso, “Dú”, Irmãos Silveira, Alcides Scrignoli, “Beto”
Scrignolli, José, Marciano, Orácio Duó, “Mi” Galvani, Wilson Gonçalves (Birigui), Valdecir
Ramires Gonçalves, “Taturana”, Luiz Longo Neto, Benedito Lorenção, Ico Nardez,
“Guigo” Caparroz, “Pirilo”, “Rosa Além”, Oalus, Irmãos Poloto, Pedro Sam
Miguel, Leonardo Góis (gerente), “Tonhão”, Beníquio, Milton Nardez, Onório
Longo, “Dóca”, Henrique de Biazzi.. A
todos, as nossas homenagens. Deus vos abençoe sempre.
Tanabi, 05 de março de 2013.
Terso Marcel MazzaNossas Parteiras
Tanabi antiga, início do século vinte, onde o
atendimento médico quase não existia. Por aqui, nem se falava e, muito menos
conhecia a tal de cesariana ou médico ginecologista; nem existia. Havia sim, as
nossas parteiras, “médicas” práticas por vocação.
Mulheres
simples e com grande conhecimento na área, era as nossas parteiras. Como toda
“entendida”, tinha os seus recursos sobrenaturais e cada qual, seu jeito e
maneira para conduzir o trabalho de parto. Era comum vê-las pelas estradas
municipais, cortando de norte a sul e leste a oeste, toda a nossa região.
Geralmente, em cima de carro de bois, carroças, mulas, cavalos, charretes e
mais tarde, automóveis. Junto delas, uma trouxa com um arsenal botânico em
ervas e várias orações na mente, para cara tipo de parto.
Criaturas
enviadas por Deus, assim eram conhecidas. Chegando a residência da parturiente,
logo assumia o comando da casa e todos se punham a sua disposição. La dentro,
somente senhoras experientes. Homens e crianças, do lado de fora aguardavam com
entusiasmo o grito de independência do nascituro. Homem ou mulher? Eis a
questão. Ai da criança, que perguntasse o que estava acontecendo.
De
inicio, um exame “clínico” era feito na paciente e, logo após, começava-se a
movimentação e os preparativos do ritual. Os movimentos eram em torno da cama,
do quarto para a cozinha e vice versa. Bacia, toalhas brancas de algodão,
barbante e, uma navalha desinfetada com querosene ou álcool era os instrumentos
necessários para um bom parto. Fogão a lenha a todo vapor para esquentar a água
que seria usada no trabalho.
Nos
partos mais demorados, uma toalha de mesa em volta da cintura da parturiente,
auxiliava na descida da criança quando não, insistentes banhos de acento, eram feitos.
Para os partos complicados, toda a família era convocada para as orações e
aclamações ao Nosso Senhor do Bom Parto ou São Bartolomeu.
Chegado
o grande momento, o cordão umbilical era cortado a três dedos acima da inserção
e o sexo da criança era proclamado para toda a família que esperava do lado de
fora. Se fosse mulher, o cordão umbilical era enterrado ao redor da casa. Assim
sendo, acreditava-se que ela sairia uma mulher caseira, amante dos serviços
domésticos. Se homem fosse, o cordão era enterrado no esteio do curral; na
entrada do mangueirão de porcos ou no caminho do roçado, para que saísse
trabalhador.
Ida Olivatto Targa |
Sra. Ida e seu esposo Antônio Targa |
Saudemos
as nossas parteiras: Encarnação Moreno Versuti, Dona Benedita e Maria
Paulista... Em suas homenagens, temos a “Avenida Encarnação Moreno Versuti” e
“Rua Maria Paulista.”
Ainda
há muitos tanabienses que possuem netos e bisnetos e que vieram ao mundo pelas
mãos de nossas parteiras. Foram mulheres santas, praticaram o amor, caridade e
exerceram a vocação com plenitude. Que Deus as tenha em vossos braços. Amém.
Tanabi, 13 de março de 2013
Terso Marcel MazzaNossos 'Saqueiros'
...Tanabi e suas
máquinas de beneficiar. Século passado. A então Rua Jorge Tabachi, conhecida
como sendo a rua das máquinas, abrigava enormes e importantes máquinas de beneficiar
café e arroz. Nela, havia a máquina do Sr. João Rodrigues Aguilar, João
Meneghetti (máquina “São João”), Angêlo Vendramini, irmãos Tabachi, Marão Elias
Marão – Marão Café Ltda (atualmente, terreno vago), Diogo Carmona (atualmente “Bar
do Divino”) e tantas outras espalhadas pelo município; as máquinas dos senhores
Bernardo Osório Braojos – máquina N. S. de Fátima (atualmente igreja), José
Barradas, Eduardo Munhoz (cafeeira Super Santos), Jair Monteiro (atual
Agropet), Pedro Benevente – máquina N. S. Aparedica (atual Corpo de Bombeiros),
Arlindo Silvestre, Cafeeira Bandeirante, Antonio Munhoz depois Modesto
Casagrande e por último, irmãos Escriboni (Vila Tomaz), Jesus Benfatti e Pedro
Avanço (Máquina São Vicente), Irmãos Cabrera (Vila Tomaz), Aparecido Perussi
(Ibiporanga), Sevilha (atualmente “Point da Costela”), Sarkis Chain e outras de
pequeno porte pertencentes às grandes fazendas.
O cheiro do café verde e
beneficiado desapareceu, e com ele, nossos “saqueiros”. Homens fortes que
tinham habilidades com a sacaria. Trabalhavam incansavelmente em nossas
máquinas e demais indústrias de Tanabi. Em franca atividade, a máquina do
“Marão” chegou a trabalhar vinte e quatro horas por dia e, com ela, os nossos
“saqueiros”. O porto de Santos esperava o nosso café. Tempo de riqueza e
dinheiro à vista guardado no grande e suntuoso cofre que ali tinha. O nosso
asfalto fazia o papel dos grandes terreiros e era utilizado para secar as
sementes que vinha da zona rural.
Nossos “saqueiros” corriam
o dia todo “lombando” sacas de 60 K, pra lá e pra cá, como se fossem uma barca
no vai vem das escadas de madeiras, ora subindo, ora descendo. Prática na
montagem de um lastro de dez sacas por vinte e cinco de altura. A quantidade
variava mês a mês; cerca de vinte e cinco a trinta mil sacas por mês era
empilhados. O dia começava as 5h30 da matina e terminava com o sol posto, la no bar
do seu João Martins, que ficava ao lado do posto Shell (ponto dos “saqueiros”); ali,
era encerrado o dia de trabalho. “Um brinde a saúde universal”.
Toda a sacaria que vinha
e saia do município ficava por conta deles. Grandes carregamentos de sal e café
que vinha pelas linhas férreas e tinha o ponto final na estação de Engº
Balduíno; grandes carregamentos de açúcar que abastecia nossa indústria de
refrigerantes; mercadorias diversas que eram chamadas de “bagulho” por conter
variedades em mercadorias; arroz, milho, algodão, feijão, adubo... Tudo ficava
por conta deles, os nossos “saqueiros”. Várias carretas eram carregadas num dia
inteiro de trabalho. Numa carreta de três eixos era possível colocar 640 sacas
de café contendo 60 K ½ cada um; o destino era o Porto de Santos, empresa
Coca-Cola ou destino infinito do nosso Brasil.
Valentim Alves Rodrigues |
Trabalhou na “Casa
Cardoso” como ajudante de mecânico; entregador na “Casas Benfatti” e
posteriormente na empresa “Arco-Íris”, (na produção, caldeira e passou para o
departamento de entrega). Deixou os serviços fixos e foi trabalhar nas máquinas
de benefícios e demais empresas como “saqueiro”. Lembra ele: “Nós ‘saqueiros’,
chegávamos a ganhar um salário mínimo correspondente ao da época, por dia, de
tanto trabalho que havia naquele tempo. Tenho muitas saudades e recordações”.
Atualmente, este ofício foi substituído pelas empilhadeiras e esteiras. Valentim
reside na Rua Manoel Ramires Duarte, número 101, bairro Ary Terra Sócio.
Ultima máquina de beneficiar arroz que ainda existe no município. Está desativada. |
Vocês contribuíram para
a economia e o crescimento de Tanabi. Deus vos abençoe.
Tanabi, 20 de março de 2013
Terso
Marcel Mazza
Nossos Borracheiros
Tecnologia” do século passado surgia no sertão
tanabiense. Carroças com rodas de madeira e carroção traçado com bois eram
substituídos aos poucos por pneus de borracha e câmara de ar. O primeiro
veículo que adentrou nesta cidade, foi no ano de 1915. Mas, a lida de
borracheiro surgiu bem depois. Nesta época, os pneus eram de borracha maciça e
alguns veículos tinham suas rodas de madeira, envolvidas por borracha maciça. Passado
o tempo, começa aparecer os nossos borracheiros, “mantenedores” de sucesso que viviam
e vivem de plantão vinte e quatro horas no dia, para atender a necessidade
automobilística. Afinal, o veículo não podia e não pode parar.
Tempo
em que não havia macaco hidráulico e a calibragem era feita no tato. Nossas
borracharias pareciam ser franquias; todas elas se identificavam pelo jeito e o
modo na organização. Tudo a mesma coisa.
Equipadas
de grandes martelos e marretas, uma banheira que um dia foi branca, enfeitava o
local num canto qualquer. Para dar o contraste, um grande e enorme compressor vermelho
impunha respeito pelo seu tamanho. O poder econômico da borracharia media-se
pelo tamanho do compressor – po-po-po-po-po. Normalmente de marcas americana e
russa.
Tempo
também em que a borracharia era conhecida por suas mulheres famosas através de
seus cartazes. Muitas vezes, as paredes ostentavam grandes e lindos calendários
com belas e lindas mulheres. Eis que começava o mês, e novo pôster era esperado.
Havia todo o tipo de musas: morenas, loiras, negras... Ao gosto do freguês.
Numa
pilha de pneus qualquer, um jornal noticiando o esporte do dia era marcado com
impressões digitais devido à concentração de pó que havia no lugar. Todo mundo lia.
Em
dias comuns de trabalho, o estouro anunciava mais um serviço terminado, era a
câmara que se ajeitava no pneu, bum!
Domingos Marcelino Mendes (Domingos borracheiro) |
Mudou-se
para Tanabi no ano de 1965 e, em 1967, montou sua borracharia e trabalha até
hoje incansavelmente desde manhãzinha à boca da noite. É bom entendedor no ramo
e administra um pneu de caminhão Chevrolet e Alfa Romeo com maestria. Pena que
esses caminhões quase nem existe mais.
Atualmente,
reside na Rua Pedro Ovídio, número 38, centro de Tanabi.
Saudemos
nossos borracheiros: Cláudio, José, “Chico”, “Patinho”, “Borracha”, Elton
Batelo, “Chico Borracheiro”, “Chico Macaco”, Edinho, Adilson... Fica a nossa eterna gratidão do povo desta comuna. Deus vos abençoe sempre.
Tanabi, abril de 2013
Terso Marcel Mazza
Nossos 'furadores' de poços e fossas
Tanabi
dos potes de barros, canecas de ferro agate. Toda casa tinha sua cantoneira e
em cima dela, o pote. Água fresca! Um povoado sempre
se forma perto de um afluente. Anteriormente, a captação de água era feita nos
riachos e através de cisternas caseiras perfuradas pelo próprio homem.
Toda casa tinha um poço e uma fossa.
Água e esgoto encanado, nem pensar, só no início da década de 50. Tempo de
sarilho e cordas de sizal, balde confeccionado de folha de zinco e adquirido na
venda do seu Sadala, Vendramini, Vespasiano ou nas ferrarias da cidade. A
limpeza de uma casa se via através do poço. Tinha que estar muito bem encerado
e brilhando. O sarilho era engraxado com sabão caseiro. Muitos sarilhos
amanheciam cantando nhoque-nhoque-nhoque em busca da água. Fogão a lenha
esperava furioso e ardente a água fresca, para exalar o cheiro do café que
estava por vir.
Criança na beira do poço, nem
pensar. Ainda mais com a manobra da manivela do sarilho em atividade. Perigo
constante seja no poço ou no sarilho. Nem se falava em cadeado. A portinhola
era fechada com tramelas de madeira ou um calço qualquer.
Todo balde tinha um contra peso
amarrado nele. Geralmente um pedaço de meia-lua velha (ferramenta utilizada na
roça), um martelo velho ou pedaço de ferro qualquer. O motivo era para que o
balde afundasse rapidamente e a água viesse á tona.
E as fossas instaladas no fundo das
casas. Toda moça tinha medo de usá-la. A primeira atitude na residência logo
pela manhã era arrecadar os penicos para serem esvaziados na fossa. Usar a
fossa á noite, nem pensar. E o medo! Rsrs.
Um poço jamais era perfurado ao lado
de uma fossa. Sempre acima ou com uma distancia superior a dez metros quando o
terreno era plano, essa era a regra.
Para isso, havia os nossos “furadores”
de poços e fossas.
Falo do senhor Octávio Barbato. Nasceu na cidade de
Pindorama - SP, no dia vinte de julho do ano de 1938 e foi registrado no dia
dez de agosto do mesmo ano. Residiu em várias cidades e aqui aportou e está até
os dias de hoje. Católico, é descendente de italianos – calabrês e napolitano.
Filho de lavradores criado na roça, no meio da lavoura.
Octávio Barbato |
Seu Octávio perfurou e entrou em
muitos poços de Tanabi e região. Disse ele – “Teve um poço, que quando chegamos
na pedra, nós furávamos um palmo por dia de tão dura que era. Em vinte dias, furamos
vinte palmos”. Atualmente, reside na Rua Cel. Joaquim de Cunha, número 869,
centro de Tanabi. Seu Octávio tem muitas histórias para contar desta época.
Os poços variavam em sua
profundidade de acordo com o local e a região que eram perfurados. Poços de
40,50,80,100 e até 150 palmos. Na gíria, o poço tem suas fases: terra ou areia,
pedregulho, piçarra, pedra (pedra ferro) até obter a água. Já nas fossas, a
medida era em metros e não em palmos. Não ultrapassava seis metros a fundura de
uma fossa. Um poço de qualidade e duradouro deveria ser entijolado para não
desbarrancar. Na época de seca é que se fazia a manutenção dos poços, alguns
eram rebaixados e limpos. “Naquela época, não faltava serviço”.
Só no ano de 1951, que é perfurado o
primeiro poço artesiano na cidade de Tanabi, nas confluências dos córregos do “Mangue”
e do “Bacuri”. A água era extraída por um enorme compressor de marca
“Herculis”. A dimensão do poço é de 50 metros de arenito, 18 metros de solo
argiloso, e 12 metros de diabásio (pedra ferro). Quem perfurou foi o Srs. João
Marioti e Manoel Duarte. No mesmo ano, começa a ser construída a caixa d’água que
está na praça Prof. Sílvio Bertoz e começa também a instalação da rede de água
sob o comando do Sr. José Longo e do Eng. José Carneiro Viana. A segunda fase
foi no bairro da vila Thomaz, ano de 1965.
Já no ano de 1954, havia em Tanabi,
400 ligações de rede de água e o consumo diário era de 450.000 mil litros.
No dia 22 de novembro de 1951,
perante o governador Lucas Nogueira Garcez, a prefeitura de Tanabi na pessoa do
então prefeito Ary Terra Sóssio, assina o contrato de empréstimo no valor de
Cr$ 1.704.613,30, destinado à execução das obras da rede de esgoto de Tanabi.
No começo de dezembro do mesmo ano inicia as obras.
Contudo, saudemos os nossos
“furadores” de poços e fossas, grandes trabalhadores deste sertão. Sebastião
Paulista, “Chulé”, “Dito Garrancho”, “Sebastião Preto”, João Rodrigues,
“Caticó”, “Mister Tiule”, “Lazinho Augusto”, “ Barba Russa”, Ernesto Lorenção,
Antônio Calisto de Freitas, Severino Targa, José, Francisco, Pedro... Deus vos abençoe.
Tanabi, maio de 2013
Terso
Marcel Mazza Nossos Bicicleteiros
Tanabi das carroças, carrinhos, charretes e cavalos...
Outro meio de
transporte que aqui chegou, foi á bicicleta. Não sabemos precisar ao certo a
primeira que aqui entrou; podemos afirmar que no inicio do século, havia
algumas por estas bandas. O Brasil ainda não as fabricava. Eram importadas. Ter
uma bicicleta era sinônimo de status; geralmente,
filhos de fazendeiros ou industriais é quem as tinham.
Em meio ao bem móvel,
existem os “mecânicos” que dão toda a manutenção necessária para a boa
conservação de nossas bicicletas. Falamos de nossos “bicicleteiros”.
Nos dias de hoje, elas
são usadas para a locomoção; haja vista, o horário das 11h00,
em que nossas fábricas dão a largada para o sagrado horário de almoço. Podemos
observar o trânsito e a “fila indiana” que forma na entrada da cidade.
Bicicleta de tudo quanto é tipo, cor e tamanho.
Tanabi em tempos
modernos, já possui uma ciclovia na Av. Diego Carmona. Bicicleta para
ciclistas, trabalhadores e para crianças. Que diga a nossa praça João de Mello
Macedo nas manhãs de domingos com os pequenos mancebos pra lá e pra cá, na
conhecida ponte das pedrinhas. Quantos não deram as suas primeiras pedaladas na
praça em que outrora “meninamos”.
Seu “Zé” é do tempo das
bicicletas Philips, Hércules, Bianchi, Raleigh, Nata, Esquarna, Monark e
posteriormente a Calói. Diz ele: -“bicicletas boas mesmo”. Nesta época, não
havia marcha, e adereços.
Trabalhando na lida, no
ano de 1974, ficou totalmente cego. Mas mesmo assim, continuou trabalhando.
Abria a bicicletaria “São José”, ás sete da manha e fechava às 22h00. Com a sua
deficiência, seu tato ficou ainda mais apurado e continuou na labuta, sempre
sorrindo para os fregueses. Sempre atendeu a todos que o procurasse. Não tinha
sábado e nem domingo.
Em sua primeira estada
em Tanabi, conheceu a Fernanda Ramires Duarte, a nossa popular e querida
“Dóca”. Namoraram, noivaram e casaram-se no dia 30 de abril do ano de
1953. Portanto, no ultimo dia trinta, fizeram bodas de diamante e desta união
tiveram os filhos: Édna, Donizete e Aluízio. Na oportunidade, cumprimentamos o
casal por suas bodas e que Deus possa iluminá-los sempre. Seu “Zé” e dona
“Doca” são gente boa toda vida. Atualmente, residem na Rua Cel. Militao, número
948, centro.
Seu “Zé” não abre mão
de sua cadeira de alpendre empalhada com cordinhas vermelhas. Gosta de um
bate-papo.
Saudemos nossos
“bicicleteiros”: Domingos Mazzoni (década de 40/50), Glicério (década de 60),
“Binão”, Ataíde, Orivaldo, Valdir, “Néno” Márcio, João Tofanelli ...
Tanabi,
maio de 2013 Terso Marcel Mazza
Tanabi das “mariquinhas”
(suporte de ferro para coar café), toda residência tinha uma; suporte para
latas de mantimentos; tacho para fazer sabão, suporte para pendurar
xícaras e a famosa bacia de zinco para o banho das crianças...
Lamparinas, foices, tranca para porteira, abridões para
animais, ferraduras, capelinhas de ferro que ficavam embutidas nos alpendres
das casas, grades e janelinhas para as portas das residências, em que as
iniciais do nome do chefe da família davam a elegância... Tudo parece ter
acabado em nome da modernidade. Tempo dos canecões feitos de latas que
armazenavam o óleo.
Ferreiro forjador é aquele que trabalha o ferro na forja,
faz do ferro um objeto de arte. Tanabi era cheio deles, muitas oficinas havia
na cidade. As rodas e os carros-de-bois eram feito em nossas ferrarias, para
tanto, o bom forjador tinha que ter habilidade com a tenaz, com a estampa,
bigornia, e boa pontaria na marreta. A forja ficava “viva” em brasas ardentes
que eram sustentadas por um enorme fole manual que ficava logo atrás,
geralmente no canto da oficina. Veio á modernidade e o fole foi substituído por
manivela depois passou a ser elétrico; um avanço para a época.
Final dos anos 60, as antenas de canos e bambus começam a
ser substituídas pelas torres em ferros com alturas de 15,25, até 30 metros
dependendo do local. As ferrarias trabalhavam a todo vapor na confecção das
antenas, grades para residências... Tudo feito manualmente.
Seu Clarindo é do tempo em que não havia solda elétrica.
O ferro era unido através de uma placa importada, ás vezes, tinha que
acrescentar areia para dar a liga. Exigia muita marretada e força física.
Outro meio era o arrebite. Há exemplo, a porta central da igreja matriz do
centro, é confeccionada em arrebites e encaixes, uma verdadeira obra de arte.
Feita manualmente.
Clarindo é católico; descendente de italianos e
franceses. É vicentino e por muitos anos cantou no coral paroquial “Santa
Cecília”. Além de bom pescador, é um homem simples, cheio de virtudes e
humilde, muito colaborou com nossas entidades e o progresso de Tanabi. Sempre
esteve à disposição do próximo. Serviu a todos que o procurou.
Saudemos nossos ferreiros: Ancelmo, “Zico”, Ferucchio
Soldo, Carlo Lorenzon, Oliveiro Batello (Bidu), “Cidão”, Juvenal Calisto, José
“Bão”, Astolfo, Antônio Garcia Xanes, José Pomponi (Ferraria e Carpintaria
Paulista, ano de 1939), Darcy Roveran, João Montrezor, José Antonio Carvalho, Vanderlei
Alves de Melo, José Nogaroto, “Zizão”...
Vocês revelaram-se como seres animados e arrebatadores. A
forja cantou em vossas mãos. Homens de habilidades nas mãos, capacidade
artística e força física; mais um capítulo de nossa história é contado por
vocês. Deus vos abençoe sempre.
Terso Marcel Mazza
Junho de 2013
Nossos Pedreiros
Tanabi antiga. O primeiro
prédio de tijolos construído em Tanabi foi o do senhor Dante Celeri, no final
do ano de 1800. Logo mais tarde na década de 20, começaram a surgir as grandes
olarias, dentre elas, a do João Alves Monteiro que produziu milhares de tijolos
para abastecer toda a região.
Cimento, concreto, ferragens, vergalhões... Nem pensar.
Tudo era feito no barro. As casas mais sofisticadas eram “amarradas” com arames
farpados. A sustentação ficava sob a responsabilidade do madeiramento (viga)
que segurava e travava as paredes através de seus encaixes feitos a enxó e
formão.
No início, tudo era simples e difícil. Nas construções não
havia água encanada, fiação elétrica, piso, banheiro e forramento. As
construções eram modestas, sem estilo, fachadas simples. Janelas simples de
madeira, tramela com arruela; muitas delas com porão; a telha francesa é quem
dava o toque final.
Com vinte e cinco anos de idade mudou-se para Tanabi e,
aqui, começou a aprender o ofício de pedreiro ao lado do seu irmão. Como bom
filho de italianos, logo pegou o jeito e o traquejo do ofício. É católico.
Casou-se com dona Amélia Menegasso e tiveram os filhos: Valter, Mauro, Vera e
Emílio (falecido).
Como pedreiro, seu Maximiliano tem e teve uma visão
perfeita na esquadria, medida e demais cálculos ligados à construção civil; é
um engenheiro prático perfeito, completo e impecável. Construiu e participou de várias construções importantes
em Tanabi: piscina (grande) e o primeiro salão do Clube dos Tangarás, A.P.A.E, a A.B.B,
escola do bairro de Ecatú e Peróbas além de centenas de casas e prédios
comerciais.
Muitos dos pedreiros que trabalham hoje, aprenderam com
ele. O ofício lhe deixou algumas sequelas dentre elas, problemas na coluna,
audição e falta das digitais que foram corroídas pelo cimento e o cal.
Seu Maximiliano é do tempo em que não havia máquinas. O
cimento era amassado e misturado manualmente, o madeiramento era cortado no
serrote e furado com o arco de pua, a areia para o reboco vinha de nossas estradas
municipais...
Atualmente,
o homem de voz mansa circula em nossa Cel. Militão no bate papo com os
amigos. É gente boa toda vida, “pra lá de metro”. Atualmente reside na Rua José
Vargas, número 252, centro de Tanabi.
Em seu
nome, saudamos nossos pedreiros: Ludovico Batáglia e Adolfo Honório (final do
ano de 1800), João Cassiano, Pascoal Antoneli, João Vargas Filho, Francisco
Bília, Benedito Passos Nogueira (Dito
Comunista), Ramiro Nicolau Ferreira, Ricardo Dorna, Loriano Perobeli Ferreira
(o “Dengo” da Banda de música), Nicolau Ferreira e irmãos, José Zanforlin,
irmãos Góis, Irmãos Benevente, José Vever, Joanim Guerche Filho, José
Campanhola e irmãos, Jair, Leonildo, José Moisés, Benedito, Antônio, Natalino
Galvani e família, José Fracasso, Nei Duó, “Pacheco”, Alcides, Ávila e irmãos,
Roberto, “Carrion”... Deus vos abençoe sempre.
Tanabi, junho de 2013
Terso
Marcel Mazza
Nossos Tipógrafos
O primeiro registro de maquinário gráfico em Tanabi é do ano de 1925. Assim
começa nossa história neste tema. Anteriormente tudo era feito na cidade de
São José do Rio Preto e São Paulo. Em Tanabi, a tipografia foi responsável pela
chegada e desenvolvimento da imprensa local e regional naquela época.
Tempo em que não se
falava em dar um layot de página ou digitalização; coisa para o futuro,
final do século XX.
A tipografia foi o
clássico da escrita mecânica em tempos antigos. Dava o toque e essência na
impressão: convites de casamentos com tipos em estilo inglês e gótico, cartazes
(“grandiosas quermesses...”) e demais informações impressas em tabloides de
vários tamanhos.
Cartaz - ano de 1933 |
Quantos talões de
notas, recibos, promissórias, receituários, panfletos e convites, não foram
feitos por nossas gráficas e nossos tipógrafos.
Tempos difíceis em que para adquirir o tipo (letra confeccionada em
chumbo) tinha que ir até a capital paulista. O clichê (peça para impressão de
fotos) era muito caro. Só quem tinha condições financeiras é quem publicava suas
escritas com fotos de casamento, nascimento, falecimento... A arte para tal
finalidade era muito cara. Privilégio para poucos. Tanabi chegou a ter quatro
gráficas. Atualmente, só temos uma.
A tipografia em Tanabi foi
de fundamental importância. E com ela, apresentamos o José Luiz Pereira, o “Zé
da Gráfica da Shirle”.
José Luiz Pereira |
“Zé” é do tempo do
tipo, lino tipo, off set, e alcançou
as modernas impressoras a laser. Trabalhou com máquinas manuais, semiautomática
e automática; é bom entendedor no assunto. Diz ele que gosta muito da sua
“Catu”, “Minerva” (marca de máquinas), mas confessa que a tecnologia veio para
ajudar e contribuir. “Hoje temos máquinas para dobrar papel”.
No ano de 1978, adquire
em sociedade o seu próprio estabelecimento. Está em franca atividade e ainda
usa as suas máquinas antigas no seu trabalho. “Nada melhor que as antigas
máquinas para vincar um convite de casamento, eles ficam perfeitos”.
José Luiz reside na Rua
Guilherme Fontana número 675, centro de Tanabi. É uma pessoa que muito
contribui e contribui com as nossas entidades e com a cidade de Tanabi.
Saudemos nossos
tipógrafos: José Batista de Carvalho (déc. de 20); José Augusto Bartolo e
Augusto Abufares (ano de 1925), Benedito Fernandes Sampaio (ano de 1927), Militino
Barbosa (déc. 30 e 40), Basileu Fernandes Sampaio, João Baptista Ribeiro Filho,
Egydio Bacalá, José Arimatéia Corrêa, Armando Facincani, Elza Facincani, Lázaro
Bruno da Silva, Carmo Aluísio do Castro, Waldir de Mello Carvalho, José Corrêa,
João Rodrigues Batista, Italino Alderigi Cuoghi (diretor proprietário do jornal
“O Município” de Tanabi), Abelardo Evangelista Neves, Jesus Muniz, José
Laurindo, Benedito Rocha Corte, Ademélio José Targa, Sônia Aparecida Martins,
Waldir Contreva, Antônio Renato Contreva, Carlos Roberto Antunes, Claudenir
Cesar Martins, Alfredo Júlio Guirro Filho, Silas de Souza, Geraldo Mangela
Matos, Claudiovando Cezar Martins, José Corréa, Elza Rodrigues, Shirlei
Colombo, Antônio Carvalho, Celso Muniz, “Canezin”, Marcos “lambari”... Que Deus
abençoes a todos vocês. Amém!
Terso M. Mazza
Julho de 2013
Nossos Calheiros
Nos primórdios das
construções civis em Tanabi, início do séc. XX, não se usava calhas para a
captação da água. As construções eram simples. Até então, telhados com uma ou
duas águas. Não havia recorte no telhado e os terrenos eram grandes; “uma casa
aqui, outra lá diante”.
Com a modernidade nas construções, avanço arquitetônico
europeu chegando, as calhas começam a tomar parte no cenário, seja na captação
de água, arremate e ornamentação. De início surgem as calhas em V, depois, as
calhas coloniais, os rufos e as platibandas. Para o designer e decoração, surge a ornamentação e decoração com as
calhas.
Em Tanabi ainda existem algumas residências que possuem
trabalhos artísticos feitos por nossos “calheiros”. Casas da década de 40 e 50.
Em outros tempos, a procura por esse tipo de serviço era
grande. Poucos eram os que tinham habilidade para lidar com a dobra da chapa de zinco
(material usado nas calhas).
Não existe pessoa melhor para dizer algo a respeito senão
o nosso tanabiense Joaquim “Goteira”.
Alguém o conhece? Teremos o prazer em apresentá-lo. Ele se chama Joaquim Aparecido Ataíde. Nasceu no dia dezesseis de outubro do ano de 1933, entre os bairros de Ecatú e Rincão, na propriedade rural da família Braga. É descendente de mineiros. Católico.
Alguém o conhece? Teremos o prazer em apresentá-lo. Ele se chama Joaquim Aparecido Ataíde. Nasceu no dia dezesseis de outubro do ano de 1933, entre os bairros de Ecatú e Rincão, na propriedade rural da família Braga. É descendente de mineiros. Católico.
Todo a serviço era feito de forma artesanal, com as mãos.
Muito trabalho. A dobra das calhas tinha que ser perfeito e na medida certa,
senão, corria o risco de perder todo o material. Todo cuidado era pouco, o
corte podia ser fatal haja vista que o material é altamente cortante.
Joaquim “Goteira” é conhecido carinhosamente pelo seu
trabalho; é um exímio profissional naquilo que faz. É do tempo das coifas,
chaminés em estilo chapéu chinês, calha colonial, das pombinhas de ferro dando
o arremate na arquitetura. Tempo dos grandes tubos feitos de latas para as
máquinas de café e arroz. Tempo das grandes tampas de caixa d’água...
No auge de seus quase oitenta anos, ainda está na ativa e
trabalha como ninguém. Possui o diploma da experiência e vivencia do ofício. É
sábio no assunto. Ainda anda sobre os telhados dessa terra de Tanabi, é um
verdadeiro equilibrista a céu aberto. Na prosa, o seu tom de voz alcança um
baixo musical profundo e não abre mão do seu “amigo”, o cigarro. Reside na Rua Cap.
Daniel da Cunha Morais, número 153, centro de Tanabi.
Na pessoa do saudoso Alcides Borim – in memoriam,
saudemos todos os “calheiros” de ontem, hoje e sempre. Deus vos abençoe sempre.
Tanabi, agosto de 2013
Terso
Marcel Mazza
Nossos Doceiros
Houve um tempo que todo
quintal de Tanabi tinha um pé de figo, cidra, laranja... E uma bela parreira de
uva; frutas em geral. Ao lado da parreira, um forno “caipira” que quando
adormecido servia de ninho para as galinhas carijós botarem seus ovos. Amarrado
nela, um cachorro vira-latas, branco e preto com o nome de Berlim.
Fartura em tudo e de tudo. Toda casa tinha uma compota de doce para ser
degustado após as refeições. Tempos dos tachos de cobre, fogão a lenha, colher
de pau, pilão, panos brancos quarados, ralos feitos de latas; tudo feito de
forma artesanal e com capricho. Nesses tempos, o diabetes e o colesterol não
faziam parte do cotidiano. Ainda eram desconhecidos pela medicina atual.
As receitas e o modo de feitura dos doces vinham de
nossas avós, para muitas, “segredo de família”. Tinham também os doceiros (as)
que iam de porta em porta oferecer as guloseimas tentadoras: doce de figo,
abóbora, leite, bananada, cidra, mamão, laranja e frutas cristalizadas.
Sr. Otacílio - In memorian |
Como bom doceiro, seus doces eram postos à venda no ponto
perfeito para degustar. Inconfundíveis e irresistíveis. Tempo em que os latões cheios de doces vinham na traseira de seu
veículo; na rua, um perfume encantador.
Balança “de braço” e prato feito em lata batida, em que
se apoiavam nas correntes brilhantes da balança. “Um quilo, meio quilo, a
senhora quem manda”. Tempos das louças e pirex de porcelanas. Tudo era servido
de forma natural através das conchas metálicas e polidas. De vez em quando, um
queijo sobressaia no meio dos doces. Um quilo disso ou daquilo. – Seu Tacílio!
Espere! E a ordem era obedecia à risca.
Foi presidente do Lar de Crianças, é vicentino, membro da
Irmandade do Santíssimo, ministro da eucaristia e muito colaborou com a Santa
Casa de Tanabi sendo membro de sua diretoria por vários mandatos. Praticou a
caridade como manda o “figurino”.
Foram mais de trinta anos a beira de um tacho fazendo
doces caseiros; muita dedicação e carinho para com seus fregueses, seus eternos
seguidores. Infelizmente no ano de 2012, foi acometido de um AVC que o
invalidou para o trabalho artesanal no fabrico de seus doces. Disso tudo, ficaram
as lembranças e a saudade de uma Tanabi antiga; tempo em que a comadres se
reuniam num bate-papo em torno de bolachas de maisena, palitos franceses, chá e
uma bela travessa de doce.
Atualmente, seu Otacílio reside na Rua Barão do Rio
Branco, número 661, centro de Tanabi. Na pessoa da saudosa Clotilde Bília
(doceira in memorian), ficam os nossos cumprimentos àqueles que fizeram
paçocas, geleias, rosquinhas, pirulitos de açúcar queimado, jujus, suspiros...
Foram a alegria da molecada em tempos de outrora. Deus vos abençoe.
Tanabi, agosto de 2013
Terso
Marcel Mazza
Tanabi ainda menina se desenvolvia e quase nada havia para a diversão dos seus moradores. Lugar distante e sendo conhecida como sendo boca do sertão, o
entretenimento ficava por conta de sua gente ou alguns circos theatros que passavam de vez em quando.
No dia-dia, era a própria comunidade quem fazia e organizava os festejos e
entretenimentos ao redor da praça da matriz, atualmente rodoviária
municipal.
Grandes boiadas vindas
do Mato Grosso passavam por estas bandas. Devido a grande quantidade de bois,
sempre um animal se desgarrava e saltava fora da boiada. Os instrutores e
chefes da boiada não podiam jamais acudir um animal e deixar duzentos,
quinhentos, oitocentos, mil e trezentos bois... desamparados; caso acontecesse,
poderiam correr o risco de a boiada se desfazer em meio ao enorme pasto que
somente o horizonte podia determiná-lo sua extensão.
A única forma de
agregar o gado novamente junto á boiada era através de nossos boiadeiros que na
maioria das vezes ficavam apreciando o lindo e belo “desfile” de bois e vacas
gordas que por aqui passava.
De uma forma “maestral”
nossos boiadeiros toureavam o gado extraviado até que pudessem introduzi-lo
novamente junto a boiada. Em contra partida, o premio por tal atitude era uma
novilha ou bezerro que acabava de nascer no meio da boiada e, certamente não
aguentaria o trajeto. Na falta dos toureadores, o gado ficava para trás. Sorte
de quem o achava.
Aos nove anos e sem á devida
ordem do seu pai foi fazer a sua primeira viagem, levar gado para a cidade de
Aparecida do Taboado montado num lombo de mula. Quando voltou, apanhou muito.
Com vivência no meio dos tropeiros, foi aprendendo de tudo um pouco: domador de gado, matar o animal
para o consumo, apartar, tratar; ter domínio total do animal.
Na década de cinquenta
passou a ser toureiro no “Circo de Touros” de propriedade de Cassiano Ribeiro.
Magníficas toureadas foram realizadas neste mundo a fora. Depois foi trabalhar
com José Ribeiro, “foguete” (palhaço) e José Simão que montaram um circo de
toureadas e montarias. As toureadas eram realizadas onde hoje é a escola Pe.
Fidélis, lá, era armado o circo.
Grandes touradas foram
feitas no T.C.C, escola Ganot e Pe. Fidélis. Oranides viajou vinte estados de
nossa federação, toureou infinitamente. Com sua capa vermelha e belo chapéu na
cabeça, desafiou bois de vinte e cinco a 36 arrobas e chifres pontiagudos e
extremamente “afiados”. Nunca foi vencido. Recebeu inúmeros troféus por isso.
Muito contribuiu para a construção do atual recinto municipal através de duas
touradas. Atualmente reside na Rua Marechal Deodoro, número 47, centro de
Tanabi. Na pessoa da saudosa Ester Muniz Cordeiro (meretriz e toureira),
saudemos – Antônio Benedito Geraldo (mexirica), Nassib Bechir, “Faixa Branca”,
“Passo Preto”, “Foguete”. Olé! Olé! Olé! De uma Tanabi que ficou na saudade.
Tanabi, setembro de 2013
Terso M. Mazza
Passei minha infância, adolescência e juventude em Tanabi, e aos 23 anos vim para Cuiabá a procura de novos horizontes, onde me enraizei vivo até hoje, e conheci todos citados nesse documentário, muito bom recordar...
ResponderExcluirPARABÉNS!!!!PARABÉNS!!!!PARABÉNS!!!! OBRIGADO PELO BELO PASSEIO COM PESSOAS QUERIDAS DA MINHA CIDADE.
ResponderExcluirmuito legal o Blog, um prato cheio (e delicioso) para quem gosta de historia.
ResponderExcluirsobrinha de Encarnação Carreon Favaron, neta de Felipe Carreon Difuentes e Antonia Fernandes Sanches Carreon , muito obrigadooooooooooooo
ResponderExcluirPassei minha infância e adolecência em Tanabi e conheci várias pessoas que fizeram parte dessa história.Sou irmã do Dioguinho da sanfona ou o Taxista como queira e irmã da Mara Martins Pretel(locutora)da rádio club.Mas sempre retorno à Tanabi pois pra mim é onde consigo esquecer do mundo e recarrego o meu emocional pra enfrentar todos os problemas diários com mais força.Amo Tanabi.
ResponderExcluirMorei em Tanabi quando suas ruas eram de pedregulhos tenho muitas saudades à onde estão os filmes antigos da época dos comícios obg
ResponderExcluirFamília de José constancio ainda mora em tanabi..
ResponderExcluirNasci em 1950 em Tanabi. meu pai foi Guido fiscal de caça e pesca. minhga mae foi a Zina Junqueira, meu avô Chico Junqueira e meu tio mano da mãe, O saudosdo Bicicleta, ex goleiro e figura folclórica de tanabi. Mudei de Tanabi com 8 anos para Rio Preto, E aos 18 entrei na Marinha e fixei residencia, no Rio de Janeiro onde estou até hoje mas todo ano vou a Tanabi ver os parentes. Tambem conheci a Bélica doceira onde comia muito doce de leite, e conheci seu filho o famoso Pé de Chumbo,dono do maior chute de bola até então,E que arrancou o saco de um adversário com um chute, O qual lhe rendeu o apelido e uns tempos na prisao.Conheci o Cuiabano, GRANDE tenor dos cantores de ébano.
ResponderExcluirAmeiii sou neto do Sr. Maximiliano Menegasso ❤️
ResponderExcluirMinha querida e propalada Tanabi, nasci em 02/02/1945 na minha querida Tanabi vim para São Paulo em 1954 meu pai José Ribeiro dos Santos,o Zezão ficou aí em Tanabi, eu morava na casa da dona Olivia do seu Nogueira pai da Olivia que era guardiã da chave da capela do cemitério, meu padrinho era o Carmeno Frederico e Iracema Gonçalves, fui batizado pelo padre Horácio Lembro...
ResponderExcluirNasci na Fazenda Cachoeira dos Felícios, cidade de Tanabi em 17 de Agosto de 1965, no entanto, não cresci nessa cidade. Amei esse conteúdo histórico, me proporcionou um prazer imenso em conhecer um pouco da minha cidade natal. Parabéns pela iniciativa e dedicação, muito obrigado, fico extremamente agradecida! 🙏👏
ResponderExcluirA onde se encontra os filmes antigos de Tanabi q lugar qual família tem
ResponderExcluirGostaria,de conhecer a historia de Sarkis Chain. É possivel?
ResponderExcluir