Irmãs da Providência de GAP em Tanabi
A Congregação das Irmãs da Providência de Gap marcou presença na cidade de Tanabi desde 5 de fevereiro de 1942, quando convidada pelo Sr. Bispo Diocesano Dom Lafayette Libânio e o Padre Fidélis Luis Orueta Gardeazabal. Logo passaram a administrar o pequeno-recém construído hospital, hoje Santa Casa São Vicente de Paulo.
Além de dedicar-se ao atendimento hospitalar, as Irmãs sempre estiveram voltadas para o serviço missionário na comunidade tanabiense, juntamente com a igreja, seja na Catequese, na educação religiosa escolar, mesmo na educação sistemática, através da “Escolinha Paroquial”, na promoção de festas e teatros com as crianças e adolescentes, visitas às famílias, doentes, às capelas rurais etc.
Tanabi sempre demonstrou um carinho especial, uma profunda amizade e apoio às Irmãs. É incontável o número de benfeitores, que batalharam ainda, junto com as Irmãs, em favor da vida e por um ambiente mais humano e cristão. Sempre anunciaram a palavra de Deus, despertando mais vida, reunindo as famílias, catequizando os jovens e crianças, fazendo celebrações e sempre ao lado dos mais necessitados.
A vinda das Irmãs para Tanabi só foi possível graças ao Pe. Fidélis, que se empenhou muito para que as Irmãs se instalassem em nossa comunidade. Veremos, agora, as solicitações para a instalação das Irmãs:
Reverendíssima Madre Maria Rosa, DD. Provincial das Irmãs da Providência. Itajubá - Estado de Minas.
A “Sociedade São Vicente de Paulo” desta cidade acaba de fundar um Hospital, que já está, há cerca de um mês, em pleno funcionamento, para benefício de toda a população pobre do nosso vasto município. Apesar desse funcionamento, não foi ainda o mesmo inaugurado oficialmente. Mas esse pequeno prazo de experiência já foi o bastante para que verificássemos que, sem o vosso auxílio e decidido apoio, a nossa organização hospitalar fracassará. Aliás, construída essa casa beneficente sob a inspiração de sua Excia. Revma. D. Lafayette Libânio, o nosso mui amado Bispo de Rio Preto, ficaram reservados na sua edificação os alojamentos necessários à residência de Irmãs de Caridade.E é ainda sob inspiração de sua Excia. Revma que vos estamos dirigindo este pedido, que é mais caloroso apelo no sentido de que vos digneis destacar Irmãs de vossa egrégia Congregação para que assumam a direção de nosso Hospital. Estamos certos de que, assistidos os nossos enfermos e controlada a economia interna do Asilo —Hospital pelas vossas congregadas, inexcedíveis no zelo e na dedicação com que se entregam a essa grandiosa obra, o abrigo dos doentes desamparados de Tanabi será uma realidade permanente, capaz de cumprir à risca os rumos que se traçaram na senda da Caridade. Dess’arte, em nome da “Sociedade São Vicente de Paulo” local, e estimulados pelo igual desejo de D. Lafayette Libânio, ahi vos deixamos esta solicitação, para a qual aguardamos o que se vos oferecer a respeito, prontos a vos fornecer informes e pormenores de que, acaso, necessiteis para uma resolução, que, confiamos em Deus, ser-nos-á favorável. Deus guarde V. Revma. Assina, O Vigário Pe. Fidélis Orueta e Manoel Garcia de Oliveira —presidente. Tanabi, 04 de janeiro de 1941.
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Itajubá, 24 de julho de 1941 Revmo. Vigário da Tanaby
Acabo de chegar de uma longa viagem que tive de empreender logo depois da minha volta de Rio Preto e arredores. Cumprindo a promessa que naquela ocasião fiz a Vossa Reverendíssima, de dar uma resposta dentro de dois mezes, venho hoje levar a seu conhecimento a nossa decisão quanto à Santa Casa d’ahi.
Vi, até agora, não ter contratado outra Congregação e continuam com o desejo de nos confiar essa Casa de Caridade, tenho o prazer de comunicar a Vossa Reverendíssima e por seu intermédio, aos demais Membros da Comissão que, salvo impedimentos imprevistos, chegarão a Tanaby, em fevereiro de 1944, três Irmãs da Providência de Itajubá. Espero que V. Reverendíssima me de o favor de uma resposta dizendo-me si estão de acordo. Sendo afirmativa esta resposta, marcaremos, em tempo, as condições e a data exata da ida das Irmãs. Agradecendo mais uma vez a V. Revma. as atenções a nós dispensadas quando da nossa visita ahi, subscrevo-me com muito respeito. De Vossa Reverendíssima, Serva em Vosso Senhor, assina, Irmã Maria Rosa de Lima.
Reverendíssima Irmã Maria Rosa de LimaLouvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo__________*__________
Recebi a sua muito esperada e desejada carta, mostrei-a aos Irmãos Vicentinos, cujo presidente é o Sr. Manoel Garcia de Oliveira, nosso atual prefeito municipal; ficou encarregado de combinar com Vossa Reverendíssima o que irão precisar. Estamos todos radiantes de satisfação com a próxima vinda das Irmãs da Providência. Recomendando-me nas suas orações e das prezadas Irmãs, com respeitosa estima.De Vossa Reverendíssima, Servo em Jesus e Maria, assina Pe. Fidelis Orueta. Tanabi, 12 de agosto de 1941.
Reverendíssima Irmã Maria RosaLouvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo
Tornando ao assunto das Irmãs do Hospital São Vicente de Paulo desta cidade, passa as mãos de Vossa Excelência a carta do Monsenhor Braz Bafa, pedindo-lhe a especial fineza de resolver definitivamente a vida ou não das Irmãs. Recomendando-me às ferventes orações de Vossa Reverendíssima. Com devota estima. Servo em Jesus e Maria. Assina, Pe. Fidélis Orueta. Tanabi, 14 de janeiro de 1942.__________*__________
As Irmãs e o Hospital São Vicente de Paulo - Santa Casa
O Hospital São Vicente de Paulo, de Tanabi, é uma das obras unidas da Sociedade São Vicente de Paulo. É dirigido por uma diretoria composta de confrades vicentinos, que formam o Conselho Particular da Sociedade, conforme estatutos próprios.
O Hospital funciona em prédio próprio, em terreno doado pela Prefeitura Municipal, sendo que a pedra fundamental foi lançada aos 15 de novembro de 1938.
A missão das Irmãs nasceu num moderníssimo Hospital que, desde 1975, passou a ter a denominação de Santa Casa de Misericórdia São Vicente de Paulo. O Hospital foi inaugurado em 16 de novembro de 1940 com a presença do Vigário Pe. Fidelis Orueta e dos Vicentinos, que desde o início estiveram à frente da obra. É nesse cenário, de um Hospital começando, tendo o mínimo para funcionar, que as Irmãs da Providência de GAP, vindas de Itajubá, Minas Gerais, assumem a administração interna em fevereiro de 1942 até o ano de 1988, quando as Irmãs passaram a responder somente pela chefia de enfermagem.
O Bispo Diocesano Dom Lafayette Libânio, que já havia conseguido Irmãs desde o ano de 1936 para o Asilo São Vicente de Paulo, em São José do Rio Preto, é quem pede, juntamente com o Pe. Fidelis, as Irmãs para esta obra. As primeiras a assumir o hospital foram as Irmãs Cecília, Georgina, Leopolda, Olímpia e Verônica. Muitas foram as dificuldades encontradas pelas primeiras Irmãs; ao chegarem, não tinham nem mesmo um alojamento próprio, ficando por doze anos em quartos adaptados para elas, até que, em 1954, foi inaugurada a Clausura, residência própria para as Irmãs.
No começo, graças à caridade e bondade da população, de alguns fazendeiros e de um grupo de senhores vicentinos influentes na cidade, a parte de alimentação e remédios era garantida para os doentes. Destacamos a dedicação dos Senhores Júlio Martins Barradas e Jorge Tabachi, que foram verdadeiros “pais” para as Irmãs. Mais tarde, o Sr. Henrique Alves, Jorge Marão, Bechara Frange, Mariano Víctolo e tantos outros deram suas vidas para o bom funcionamento do hospital que era conhecido pelos pobres com sendo hospital-asilo.
A primeira diretoria do Hospital foi composta dos seguintes Vicentinos: Presidente —Manoel Garcia de Oliveira; Secretário —José Contatore; Tesoureiro —Júlio Martins Barradas. Para primeiro diretor Clínico foi escolhido o Dr. João Celestino de Almeida.
07 de março de 1954, foi inaugurado o prédio anexo ao hospital destinado a clausura das irmãs
Em 1943, Irmã Saint Clair tomou a direção interna do Hospital, sendo substituída pela Irmã Suzana em 1944. A pedido do Vigário, uma Irmã foi designada para começar um Jardim da Infância e ajudar nas obras do apostolado.
Em 1946, Irmã Cecília foi diretora, sendo substituída por Irmã Zita em 1947, que ficou apenas um ano, voltando novamente a Irmã Cecília. Em 1957, Irmã do Carmo tomou a direção da casa.
Ao lado do Hospital, foi construída uma linda capela. Em 1954, uma grande construção foi realizada: clausura para as Irmãs, alojamento para as auxiliares, aumento da cozinha, dispensa etc. Em 1956, assume Irmã Mônica, sendo substituída por Irmã de Assis durante o ano de 1957.
Em 1962, Irmã Cássia substitui Irmã Mônica; em 1966, Irmã Benícia substitui a Irmã Cássia; em 1967, Irmã Therezinha Bento de Souza; em 1973, Irmã Myriam Tarraf substitui a Irmã Therezinha; em 1976, assume Irmã Zenaide Nogueira Leite; em 1977, Irmã Matilde Costa; em 1981, volta a Irmã Therezinha Bento de Souza; em 1988, Irmã Umbelina; em 1996, Irmã Yolanda Vaz, até o ano de 2003.
Carta ao Convento de Itajubá - MG
Hospital São Vicente de Paulo
Tanabi, 24 de março de 1962
A Revma. Madre Maria Elisabeth
MD. Provincial das Irmãs da Providência, Itajubá —MG.
Revma. Madre
L.S.N.S.J.C
Cumpre-me levar ao conhecimento de V. Revma. que, em virtude da renúncia do confrade Italino Alderige Cuogui, por motivo de saúde, fui escolhido e ontem empossado no cargo de Presidente do nosso Hospital.
Assim sendo, quero de início agradecer às beneméritas Religiosas da Congregação das Irmãs da Providência, na pessoa de sua Superiora Provincial, pelos relevantes serviços que essa Congregação tem prestado aos enfermos de nosso município e região, especialmente, àqueles mais necessitados.
Quero especialmente agradecer a valiosa colaboração recebida ainda recentemente, qual seja, a decisão dessa Providência de permitir a continuidade das Irmãs como encarregadas dos serviços internos desta Casa.
Nossa situação financeira que era assaz precária, isto é, de CR$ 1.200.000,00 de déficit orçamentário em 1960, ficou reduzido a CR$ 400.000,00 em fins de 1961, o que nos permite encarar com mais otimismo os dias vindouros. Estamos procurando atender as recomendações constantes de suas cartas datadas de 23 de janeiro e 28 de fevereiro, cujo recebimento tenho o prazer de agora acusar.
Para sua apreciação, junto a esta, um exemplar do Relatório Geral de nossa atividades e uma relação da nova e atual Diretoria. Esperando sempre continuar a merecer o seu apoio e suas orações para os nossos trabalhos em favor dos humildes e os doentes pobres, prediletos de Deus, subscrevo-me respeitosamente, Servo no Senhor. Assina, Walter Varella - presidente.
As irmãs junto à Paróquia Nossa Senhora da Conceição
Logo, com a vinda das Irmãs, o Vigário solicitou que uma delas fosse designada para começar um Jardim da Infância e ajudar nas obras de apostolado da paróquia.
Irmã Laura Maria Macedo foi a pioneira que iniciou esse trabalho na escolinha paroquial. Em 1947, Irmã Laura foi substituída por Irmã Francisco de Sales que, além da Escolinha, Catequese Paroquial, criou o movimento infantil, Cruzada Eucarística com mais de 150 crianças; eram os soldados de Cristo.
Ela dava aulas de religião no Ginásio Estadual. Outras Irmãs marcaram presença forte na Pastoral da Catequese, como Irmã Eudóxia e Irmã Dorotéia com seus belos teatros; Irmã Nildes movimentou a juventude arrebanhando mais de 500 jovens.
Na década de 70, a catequese ficou na responsabilidade das Irmãs Cida Torres e Cida Gonçalves, que faziam um excelente trabalho, visitavam as escolas e ministravam cursos para os professores da rede de ensino. A partir de 1980, com a saída da Irmã responsável pela catequese, o Cônego Victor entregou esse Ministério à Prof. Aparecida Pondian, que continuou trabalhando juntamente com as Irmãs.
Em 23 de janeiro de 1946, o Padre Orácio Lembo escreveu para a Madre Superior, solicitando a vinda de mais Irmãs para assumir a escola doméstica e o Internato Feminino.
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Em 1959, as Irmãs eram dedicadas as obras paroquiais, dirigindo Jardim da Infância com 40 crianças, tendo ainda a responsabilidade do catecismo paroquial com 500 crianças, lecionando aulas de religião nos tres turnos do Grupo Escolar e no Ginásio do Estado, visitando ainda os presos da cadeia pública, orientando a Cruzada Católica e tres núcleos da Legião de Maria.
Em 21 de novembro de 1961, a Irmã Maria Mônica escreve para a Madre Elisabeth, dizendo as dificuldades entre médicos e diretoria junto às Irmãs.
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Em 28 de janeiro de 1962, a Madre Elisabeth comunica ao provedor do Hospital, o Sr. Italino Cuogui, a transferência de Irmã Maria Mônica e a retirada das demais Irmãs, devido à situação de desentendimento entre médicos e Diretoria, e também instalações da Santa Casa sem condições para funcionar.
Em 31 de janeiro de 1962, o bispo Dom Lafayette Libânio manda um telegrama à Madre Provincial, pedindo a não retirada das Irmãs.
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Em 24 de março de 1962, o presidente da Santa Casa, Valter Varella, envia carta de agradecimento à Madre Provincial pela continuidade das Irmãs no Hospital.
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Em 9 de julho de 1962, a população de Tanabi faz um abaixo assinado pedindo a não retirada das Irmãs.
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Em 24 de julho de 1962, a Madre Superior envia carta ao bispo Dom Lafayette Libânio, confirmando a retirada definitiva das Irmãs.
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15/08/1962, As Irmãs sairam provisioramente por um mes, voltando permanecer em experiência até o final do ano, em consideração aos pedidos realizados ao Cônego Victor a Madre Provincial.
Em 10 de agosto de 1962, o Cônego Victor Herrero Padilha, juntamente com o prefeito municipal, Dr. Venizelos Papacosta, envia carta ao Convento pedindo insistentemente a Madre Elisabeth para não retirar as Irmãs, apontando motivos.
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Em 15 de agosto de 1962, as Irmãs se retiram provisoriamente por um mês, voltando a permanecer em experiência até o final do ano. Isto em consideração aos pedidos feitos pelo Cônego Victor à Madre Provincial.
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Em 21 de agosto de 1962, a Madre Elizabeth encaminha carta ao hospital, dizendo que as Irmãs voltariam a partir de 15 de novembro, após um mês de ausência.
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A Vila Vicentina, hoje Lar dos Idosos, também recebeu o apoio das Irmãs.
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O Bairro Covizzi, bem no seu início, teve a presença das Irmãs durante dez anos, onde funcionou a Casa do Postulado, e depois o “Abrigo da Providência”.
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Irmãs tanabienses pertencentes à Congregação da Providência de GAP: Maria Léia de Oliveira, Ângela Fresneda Vilches e Tereza de Jesus Vieira. Outra tanabiense é a Irmã Eunice Violin, que pertence a Congregação de Santo André.
Dentre as Irmãs que passaram por Tanabi, destacamos uma tanabiense que trabalhou muito por nossa comunidade e dedicou-se aos mais necessitados. Estamos falando da Irmã Ângela Fresneda Vilches, nasceu no bairro Malhador (seu pai foi proprietário da venda do bairro Malhador) no dia 04 de maio de 1936, veio para Tanabi morar com uma tia que só falava espanhol, estudou na escola Ganot Chateaubriand de 1946 a 1949, cursou Ginásio de 1951 a 1954 e Escola Normal de 1955 a 1957.
Em 25 de fevereiro de 1958, entrou para o Convento das Irmãs da Providência de Gap, na cidade de Itajubá, Sul de Minas Gerais. Fez o postulado e, de 06 de janeiro de 1959 a 29 de janeiro de 1961, o noviciado.
Fez os votos temporários em 29 de janeiro de 1961 e compromisso definitivo no ano de 1966. Na Universidade Católica de São Paulo, cursou o Instituto Superior de Pastoral Catequética em 1968, Cursou Faculdade de Ciências e Letras no Tereza Martin, de 1975 a 1977, em São Paulo. Licenciada em Estudos Sociais e Ciências Sociais, possui curso de Orientadora de Pastoral Catequética no Instituto Superior de Pastoral Catequética - "Sede Sapientiai", além de vários cursos ligados à Igreja: Catequese, Canto Pastoral, Teologia Pastoral de Vocações, Criatividade Comunitária, Grupos Comunitários Juvenis, Formação e Liderança Spcial, Escola de Pais do Brasil, Teologia Bíblica e Educação.
Trabalhou em Minas, São Paulo, Santa Catarina, Goiás, e após muitos anos veio dedicar-se a sua terra natal, que é Tanabi. Irmã Ângela foi uma das últimas a trabalhar na Paróquia São João Batista e São Cristovão antes das Irmãs da Providência saírem definitivamente de Tanabi.
Irmãs que passaram por Tanabi
Irmãs: Maria Laura Macedo, Maria Francisco de Sales, Maria Cecília Silveira, Verônica Xavier, Maira Geórgia da Rocha Mello, Maria Olímpia de Magalhães Nogueira, Maria Leopoldo Cotinni, Márcia de C. Dias, Saint Clair, Suzana Silveira, Maria Juliana Pillizzari, Maria de Assis Teixeira, Maria do Carmo Nery, Maria Mônica Marques de Oliveira, Maria Cornélia, Maria de Cássia, Maria Bertila, Maria Benícia, Maria Canísia, Leonice Ferreira, Jorgina Maria Mendes, Lucília de Carvalho, Henriqueta M. Guimarães, Ana Vieira Pinto, Maria Eudóxia, Maria Dorotéia, Maria Eugénia, Maria Francisca, Maria Emerenciana, Aparecida Silva, Mercedes Celina, Myrian Tarraf, Aparecida Torres, Etelvina de Souza, Clarice Leite, Custódia da Silva, Zenaide Nogueira Leite, Maria Izilda, Léia, Maria de Lourdes, Maria D’Aparecida Silva, Therezinha Souza, Roberta Bustamante Leite (trabalhou vinte anos na Pediatria do Hospital), Nildes Schiavon, Corina R. de Figueiredo, Arnolda T. Voltolini, Maria Cristiana, Luzia Cé, Umbelina Gatto, Matilde Costa, Aparecida Gonçalves, Angelina Rodrigues da Silva, Cecília Alves de Novais, Maria Tereza Garcia, Maria Isabel Rocha, Amélia Maria Nunes, Stela Dalva de Morais, Yolanda Vaz, Maria da Glória Araújo, Maria da Glória Diniz, Ângela Fresneda Vilche, Reinilda Theis e Alice Rezende.
O povo de Tanabi, de classe média em geral, oriundo de famílias de tradição cristã, manteve sempre com as Irmãs um relacionamento de amizade, admiração, respeito e valorização da Vida Religiosa e, até hoje, mesmo não estando mais prestando seus serviços em Tanabi, são muito estimadas.
As dificuldades e sofrimentos não faltaram; sobretudo no relacionamento com os médicos, diretores e funcionários. Depois de muitas lutas e contrariedades, na maioria das vezes porque as Irmãs defendiam os direitos dos mais pobres, elas se retiraram em 1962, temporariamente, voltando depois que o Hospital estava em melhores condições.
Toda essa problemática foi enfrentada com grande espírito de coragem, abnegação, entusiasmo, ardor missionário e amor à Providência. Foram muitas outras heroínas que passaram, deixando marcas de bondade e dedicação que o povo jamais esqueceu. Citaremos entre elas: Irmã Maria Juliana Pillizzari, conhecida entre as Irmãs como a “Santa do Sertão”,
Irmã Maria de Assis Teixeira, Irmã Maria do Carmo Nery, Irmã Maria Mônica Marques de Oliveira, Irmã Therezinha Souza, Irmã Roberta Bustamante Leite, que trabalhou mais de vinte anos na Pediatria da Santa Casa, Irmã Umbelina Gatto, Irmã Aparecida Freitas, Irmã Leonice Ferreira, Irmã Matilde Costa e a última, Irmã Yolanda Vaz. Desde a fundação as Irmãs se dedicaram à evangelização no Hospital e nas Paróquias.
Irmã Maria Laura Macedo, vinda nos primeiros anos é lembrada com carinho e saudades por tudo que ela plantou, especialmente pelas aulas na Escolinha Paroquial e na Catequese. Depois foi substituída, por Irmã Maria Francisco de Sales, que além da Escolinha se dedicou à Catequese, ao Movimento Infantil “Cruzada Eucarística”, com cento e cinquenta crianças e outras atividades, como professora de Ensino Religioso no Ginásio Estadual, hoje escola Pe. Fidélis.
O Bispo Dom Lafayette Libânio ficou impressionado com o ardor missionário e o zelo apostólico de Irmã Maria Francisco de Sales, registrando no livro do Tombo da Paróquia Nossa Senhora da Conceição este testemunho. Muitas foram às lideranças cristãs que ela orientou e formou, e que ainda hoje são agentes dinâmicas na Sociedade, na Igreja e nas famílias.
Na Pastoral, outras Irmãs marcaram presença forte como Providência: Irmã Eudóxia com seus belos teatros, Irmã Nelly Inocêncio Pereira, Irmã Maria Hilária Inocêncio Pereira, e não muito distante, Irmã Nildes Schiavon, movimentando mais de quinhentos jovens, o Grupo COJOTA, atuando até nos dias de hoje.
No Círculo Bíblico, a presença da saudosa Irmã Corina Rodrigues de Figueiredo, com a sua eficiência, capacidade e competência nos estudos das Sagradas Escrituras, ministradas às Catequistas, aos Seminaristas, e a um grande número de adultos. Muitos frutos estão sendo colhidos desta fiel e doce missão, pois, são muitas as lideranças por ela formadas atuando na Sociedade e em diversas Pastorais da Paróquia.
Mulheres Consagradas a serviço da Igreja e dos pobres encontram oportunidade em ser providência para o outro, estendendo sua dedicação às Escolas, aos presidiários, como Educadoras, Missionárias atingindo às Capelas e os Bairros distantes e anunciando a Boa Nova aos pacientes do Hospital Santa Casa de Misericórdia.
No testemunho da Palavra e da Vida Religiosa, as Irmãs cultivaram e encaminharam três vocações ao Sacerdócio, e outras três para a Providência de Gap: Irmã Maria Leia de Oliveira, Irmã Ângela Vilches e Irmã Teresa de Jesus Vieira.
Não tendo medo de se arriscarem, enfrentando dificuldades e acreditando na alegria de se doarem sempre à Providência, viveram momentos de alegria na gratificação do anúncio da Boa Nova e na paixão pelo Reino, proclamando que Deus é Providência.
Após 62 anos dedicando-se à comunidade de Tanabi, as Irmãs deixam o Hospital Santa Casa São Vicente de Paulo, no dia 6 de novembro de 2003, e a Irmã Ângela, de forma provisória vai para a residência do Sr. Benedito Secundino Gomes, no bairro Nova Tanabi, na recente paróquia São João Batista, e lá, fica por sete meses, aguardando uma companheira da Providência para se mudarem para a residência definitiva que seria construída para abrigar a Comunidade. Isso se deu no dia 25 de junho de 2004, no bairro Domingos Lúcio de Vasconcelos (COHAB II).
As últimas Irmãs a permanecerem em Tanabi, na paróquia São João Batista foram: Ir. Maria Glória Araújo, Ir. Maria da Glória Diniz, Ir. Reinilda e Ir. Alice Rezende Vilela
No dia 22 de dezembro de 2007, às 24:00 horas, a Irmã Ângela Fresneda Vilches, última Irmã da Congregação da Providência de Gap, sai definitivamente de Tanabi.

Inauguração da Pediatria na Santa Casa Irmã Bertília, Irmã Maria Mônica e Alaíde Toschi
Irmã Maria Cristina, Madre Elizabeth (Superiora Geral no Brasil),Ir. Dorotéia, Ir. Benícia (Diretora da Santa Casa), Madre Anunciação.Dec. de 60
Rui Pontes, Ricardo, Olávo Queiroz, Irmã Dorotéia, Ecilda Violin,Irmã Lurdes, Irmã Angelina, e a Mestra Irmã Rute
Vários ArtigosPalavras de abertura, proferidas no Festival organizado pela Irmã Maria Eudóxia, em Tanabi, no salão dos Marianos, a 18 de abril de 1960
Distinto auditório!
Não é sem emoção que tomo do microfone, para substituir, aliás, momentaneamente, aqui o nosso amigo Ari Gilberto, na locução deste despretensioso Festival. Cabe-me a responsabilidade de apresentar-vos, na sua primeira exibição à luz das gambiarras, o GRUPO FOLCLÓRICO TANABIENSE, ORGANIZADO COM A COLABORAÇÃO DA Associação Rural de Tanabi. Quando Airton Domingues e Dorçídio Martins de Paula nos solicitaram o salão da sede da Rural para os primeiros ensaios desse grupo, ainda amorfo, nós, obtida a anuência dos companheiros de Diretoria, não só o cedemos, como procuramos estimular a organização desse corpo de baile popular.
Isso, porque é de nosso entender que a entidades dessa natureza cabe igualmente, além de suas tarefas específicas, aquela outra, complementar, sem dúvida, mas, não menos valiosa. Qual seja a da preservação dessas vivências tradicionais, que fazem o encanto do nosso meio rural. Principalmente, levando-se em conta o fato de nos localizarmos numa zona pioneira, em cujo “melting-pot” de raças heterogêneas, se não lhe oferecemos resistência, poderia evaporar-se até o nosso próprio senso de brasilidade.
Comandado, então, pelo entusiasmo nunca esmorecido do nosso Capitão Dorcídio, que encontrou no clã dos Augustos, chefiado por Jerônimo Augusto, o necessário ponto de apoio, eis que toma forma o Grupo Folclórico Tanabiense, em cuja estrutura não se encontram caipiras sofisticados, mas autênticos da beira do Jataí... e é este Grupo que vai apresentar-vos, agora, uma “FOLIA DE REIS”!
Dirigindo-nos, de preferência, àqueles que a ele assistem, pela primeira vez, e sem nenhuma pretensão de especialista no assunto, queremos lembrar a origem tipicamente portuguesa desse auto, para valer-nos da classificação do mestre dos mestres, em matéria folclórica, Luís da Câmara Cascudo, autor dessa obra, que é um verdadeiro monumento, alcantilado Pico da Neblina, em a já majestosa orografia do folclore universal, “Dicionário do Folclore Brasileiro”. Tanto é clara e insofismável essa origem que o hábito de folgar-se em bandos já nos é noticiado por Gil Vicente, pois já vamos encontrar, numa de suas “Fráguas D’Amor”, a quadrinha, que nos diz:
Revmo. Vigário da Tanaby
O Hospital São Vicente de Paulo, de Tanabi, é uma das obras unidas da Sociedade São Vicente de Paulo. É dirigido por uma diretoria composta de confrades vicentinos, que formam o Conselho Particular da Sociedade, conforme estatutos próprios.
O Hospital funciona em prédio próprio, em terreno doado pela Prefeitura Municipal, sendo que a pedra fundamental foi lançada aos 15 de novembro de 1938.
A missão das Irmãs nasceu num moderníssimo Hospital que, desde 1975, passou a ter a denominação de Santa Casa de Misericórdia São Vicente de Paulo. O Hospital foi inaugurado em 16 de novembro de 1940 com a presença do Vigário Pe. Fidelis Orueta e dos Vicentinos, que desde o início estiveram à frente da obra. É nesse cenário, de um Hospital começando, tendo o mínimo para funcionar, que as Irmãs da Providência de GAP, vindas de Itajubá, Minas Gerais, assumem a administração interna em fevereiro de 1942 até o ano de 1988, quando as Irmãs passaram a responder somente pela chefia de enfermagem.
O Bispo Diocesano Dom Lafayette Libânio, que já havia conseguido Irmãs desde o ano de 1936 para o Asilo São Vicente de Paulo, em São José do Rio Preto, é quem pede, juntamente com o Pe. Fidelis, as Irmãs para esta obra. As primeiras a assumir o hospital foram as Irmãs Cecília, Georgina, Leopolda, Olímpia e Verônica. Muitas foram as dificuldades encontradas pelas primeiras Irmãs; ao chegarem, não tinham nem mesmo um alojamento próprio, ficando por doze anos em quartos adaptados para elas, até que, em 1954, foi inaugurada a Clausura, residência própria para as Irmãs.
No começo, graças à caridade e bondade da população, de alguns fazendeiros e de um grupo de senhores vicentinos influentes na cidade, a parte de alimentação e remédios era garantida para os doentes. Destacamos a dedicação dos Senhores Júlio Martins Barradas e Jorge Tabachi, que foram verdadeiros “pais” para as Irmãs. Mais tarde, o Sr. Henrique Alves, Jorge Marão, Bechara Frange, Mariano Víctolo e tantos outros deram suas vidas para o bom funcionamento do hospital que era conhecido pelos pobres com sendo hospital-asilo.
A primeira diretoria do Hospital foi composta dos seguintes Vicentinos: Presidente —Manoel Garcia de Oliveira; Secretário —José Contatore; Tesoureiro —Júlio Martins Barradas. Para primeiro diretor Clínico foi escolhido o Dr. João Celestino de Almeida.
Em 1943, Irmã Saint Clair tomou a direção interna do Hospital, sendo substituída pela Irmã Suzana em 1944. A pedido do Vigário, uma Irmã foi designada para começar um Jardim da Infância e ajudar nas obras do apostolado.
Em 1946, Irmã Cecília foi diretora, sendo substituída por Irmã Zita em 1947, que ficou apenas um ano, voltando novamente a Irmã Cecília. Em 1957, Irmã do Carmo tomou a direção da casa.
Ao lado do Hospital, foi construída uma linda capela. Em 1954, uma grande construção foi realizada: clausura para as Irmãs, alojamento para as auxiliares, aumento da cozinha, dispensa etc. Em 1956, assume Irmã Mônica, sendo substituída por Irmã de Assis durante o ano de 1957.
Em 1962, Irmã Cássia substitui Irmã Mônica; em 1966, Irmã Benícia substitui a Irmã Cássia; em 1967, Irmã Therezinha Bento de Souza; em 1973, Irmã Myriam Tarraf substitui a Irmã Therezinha; em 1976, assume Irmã Zenaide Nogueira Leite; em 1977, Irmã Matilde Costa; em 1981, volta a Irmã Therezinha Bento de Souza; em 1988, Irmã Umbelina; em 1996, Irmã Yolanda Vaz, até o ano de 2003.
Hospital São Vicente de Paulo
Tanabi, 24 de março de 1962
A Revma. Madre Maria Elisabeth
MD. Provincial das Irmãs da Providência, Itajubá —MG.
Revma. Madre
L.S.N.S.J.C
Cumpre-me levar ao conhecimento de V. Revma. que, em virtude da renúncia do confrade Italino Alderige Cuogui, por motivo de saúde, fui escolhido e ontem empossado no cargo de Presidente do nosso Hospital.
Assim sendo, quero de início agradecer às beneméritas Religiosas da Congregação das Irmãs da Providência, na pessoa de sua Superiora Provincial, pelos relevantes serviços que essa Congregação tem prestado aos enfermos de nosso município e região, especialmente, àqueles mais necessitados.
Quero especialmente agradecer a valiosa colaboração recebida ainda recentemente, qual seja, a decisão dessa Providência de permitir a continuidade das Irmãs como encarregadas dos serviços internos desta Casa.
Nossa situação financeira que era assaz precária, isto é, de CR$ 1.200.000,00 de déficit orçamentário em 1960, ficou reduzido a CR$ 400.000,00 em fins de 1961, o que nos permite encarar com mais otimismo os dias vindouros. Estamos procurando atender as recomendações constantes de suas cartas datadas de 23 de janeiro e 28 de fevereiro, cujo recebimento tenho o prazer de agora acusar.
Para sua apreciação, junto a esta, um exemplar do Relatório Geral de nossa atividades e uma relação da nova e atual Diretoria. Esperando sempre continuar a merecer o seu apoio e suas orações para os nossos trabalhos em favor dos humildes e os doentes pobres, prediletos de Deus, subscrevo-me respeitosamente, Servo no Senhor. Assina, Walter Varella - presidente.
As irmãs junto à Paróquia Nossa Senhora da Conceição
Logo, com a vinda das Irmãs, o Vigário solicitou que uma delas fosse designada para começar um Jardim da Infância e ajudar nas obras de apostolado da paróquia.
Irmã Laura Maria Macedo foi a pioneira que iniciou esse trabalho na escolinha paroquial. Em 1947, Irmã Laura foi substituída por Irmã Francisco de Sales que, além da Escolinha, Catequese Paroquial, criou o movimento infantil, Cruzada Eucarística com mais de 150 crianças; eram os soldados de Cristo.
Ela dava aulas de religião no Ginásio Estadual. Outras Irmãs marcaram presença forte na Pastoral da Catequese, como Irmã Eudóxia e Irmã Dorotéia com seus belos teatros; Irmã Nildes movimentou a juventude arrebanhando mais de 500 jovens.
Na década de 70, a catequese ficou na responsabilidade das Irmãs Cida Torres e Cida Gonçalves, que faziam um excelente trabalho, visitavam as escolas e ministravam cursos para os professores da rede de ensino. A partir de 1980, com a saída da Irmã responsável pela catequese, o Cônego Victor entregou esse Ministério à Prof. Aparecida Pondian, que continuou trabalhando juntamente com as Irmãs.
Em 23 de janeiro de 1946, o Padre Orácio Lembo escreveu para a Madre Superior, solicitando a vinda de mais Irmãs para assumir a escola doméstica e o Internato Feminino.
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Em 1959, as Irmãs eram dedicadas as obras paroquiais, dirigindo Jardim da Infância com 40 crianças, tendo ainda a responsabilidade do catecismo paroquial com 500 crianças, lecionando aulas de religião nos tres turnos do Grupo Escolar e no Ginásio do Estado, visitando ainda os presos da cadeia pública, orientando a Cruzada Católica e tres núcleos da Legião de Maria.
Em 21 de novembro de 1961, a Irmã Maria Mônica escreve para a Madre Elisabeth, dizendo as dificuldades entre médicos e diretoria junto às Irmãs.
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Em 28 de janeiro de 1962, a Madre Elisabeth comunica ao provedor do Hospital, o Sr. Italino Cuogui, a transferência de Irmã Maria Mônica e a retirada das demais Irmãs, devido à situação de desentendimento entre médicos e Diretoria, e também instalações da Santa Casa sem condições para funcionar.
Em 31 de janeiro de 1962, o bispo Dom Lafayette Libânio manda um telegrama à Madre Provincial, pedindo a não retirada das Irmãs.
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Em 24 de março de 1962, o presidente da Santa Casa, Valter Varella, envia carta de agradecimento à Madre Provincial pela continuidade das Irmãs no Hospital.
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Em 9 de julho de 1962, a população de Tanabi faz um abaixo assinado pedindo a não retirada das Irmãs.
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Em 24 de julho de 1962, a Madre Superior envia carta ao bispo Dom Lafayette Libânio, confirmando a retirada definitiva das Irmãs.
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15/08/1962, As Irmãs sairam provisioramente por um mes, voltando permanecer em experiência até o final do ano, em consideração aos pedidos realizados ao Cônego Victor a Madre Provincial.
Em 10 de agosto de 1962, o Cônego Victor Herrero Padilha, juntamente com o prefeito municipal, Dr. Venizelos Papacosta, envia carta ao Convento pedindo insistentemente a Madre Elisabeth para não retirar as Irmãs, apontando motivos.
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Em 15 de agosto de 1962, as Irmãs se retiram provisoriamente por um mês, voltando a permanecer em experiência até o final do ano. Isto em consideração aos pedidos feitos pelo Cônego Victor à Madre Provincial.
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Em 21 de agosto de 1962, a Madre Elizabeth encaminha carta ao hospital, dizendo que as Irmãs voltariam a partir de 15 de novembro, após um mês de ausência.
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A Vila Vicentina, hoje Lar dos Idosos, também recebeu o apoio das Irmãs.
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O Bairro Covizzi, bem no seu início, teve a presença das Irmãs durante dez anos, onde funcionou a Casa do Postulado, e depois o “Abrigo da Providência”.
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Irmãs tanabienses pertencentes à Congregação da Providência de GAP: Maria Léia de Oliveira, Ângela Fresneda Vilches e Tereza de Jesus Vieira. Outra tanabiense é a Irmã Eunice Violin, que pertence a Congregação de Santo André.
Dentre as Irmãs que passaram por Tanabi, destacamos uma tanabiense que trabalhou muito por nossa comunidade e dedicou-se aos mais necessitados. Estamos falando da Irmã Ângela Fresneda Vilches, nasceu no bairro Malhador (seu pai foi proprietário da venda do bairro Malhador) no dia 04 de maio de 1936, veio para Tanabi morar com uma tia que só falava espanhol, estudou na escola Ganot Chateaubriand de 1946 a 1949, cursou Ginásio de 1951 a 1954 e Escola Normal de 1955 a 1957.
Em 25 de fevereiro de 1958, entrou para o Convento das Irmãs da Providência de Gap, na cidade de Itajubá, Sul de Minas Gerais. Fez o postulado e, de 06 de janeiro de 1959 a 29 de janeiro de 1961, o noviciado.
Fez os votos temporários em 29 de janeiro de 1961 e compromisso definitivo no ano de 1966. Na Universidade Católica de São Paulo, cursou o Instituto Superior de Pastoral Catequética em 1968, Cursou Faculdade de Ciências e Letras no Tereza Martin, de 1975 a 1977, em São Paulo. Licenciada em Estudos Sociais e Ciências Sociais, possui curso de Orientadora de Pastoral Catequética no Instituto Superior de Pastoral Catequética - "Sede Sapientiai", além de vários cursos ligados à Igreja: Catequese, Canto Pastoral, Teologia Pastoral de Vocações, Criatividade Comunitária, Grupos Comunitários Juvenis, Formação e Liderança Spcial, Escola de Pais do Brasil, Teologia Bíblica e Educação.
Trabalhou em Minas, São Paulo, Santa Catarina, Goiás, e após muitos anos veio dedicar-se a sua terra natal, que é Tanabi. Irmã Ângela foi uma das últimas a trabalhar na Paróquia São João Batista e São Cristovão antes das Irmãs da Providência saírem definitivamente de Tanabi.
Irmãs que passaram por Tanabi
Irmãs: Maria Laura Macedo, Maria Francisco de Sales, Maria Cecília Silveira, Verônica Xavier, Maira Geórgia da Rocha Mello, Maria Olímpia de Magalhães Nogueira, Maria Leopoldo Cotinni, Márcia de C. Dias, Saint Clair, Suzana Silveira, Maria Juliana Pillizzari, Maria de Assis Teixeira, Maria do Carmo Nery, Maria Mônica Marques de Oliveira, Maria Cornélia, Maria de Cássia, Maria Bertila, Maria Benícia, Maria Canísia, Leonice Ferreira, Jorgina Maria Mendes, Lucília de Carvalho, Henriqueta M. Guimarães, Ana Vieira Pinto, Maria Eudóxia, Maria Dorotéia, Maria Eugénia, Maria Francisca, Maria Emerenciana, Aparecida Silva, Mercedes Celina, Myrian Tarraf, Aparecida Torres, Etelvina de Souza, Clarice Leite, Custódia da Silva, Zenaide Nogueira Leite, Maria Izilda, Léia, Maria de Lourdes, Maria D’Aparecida Silva, Therezinha Souza, Roberta Bustamante Leite (trabalhou vinte anos na Pediatria do Hospital), Nildes Schiavon, Corina R. de Figueiredo, Arnolda T. Voltolini, Maria Cristiana, Luzia Cé, Umbelina Gatto, Matilde Costa, Aparecida Gonçalves, Angelina Rodrigues da Silva, Cecília Alves de Novais, Maria Tereza Garcia, Maria Isabel Rocha, Amélia Maria Nunes, Stela Dalva de Morais, Yolanda Vaz, Maria da Glória Araújo, Maria da Glória Diniz, Ângela Fresneda Vilche, Reinilda Theis e Alice Rezende.
O povo de Tanabi, de classe média em geral, oriundo de famílias de tradição cristã, manteve sempre com as Irmãs um relacionamento de amizade, admiração, respeito e valorização da Vida Religiosa e, até hoje, mesmo não estando mais prestando seus serviços em Tanabi, são muito estimadas.
As dificuldades e sofrimentos não faltaram; sobretudo no relacionamento com os médicos, diretores e funcionários. Depois de muitas lutas e contrariedades, na maioria das vezes porque as Irmãs defendiam os direitos dos mais pobres, elas se retiraram em 1962, temporariamente, voltando depois que o Hospital estava em melhores condições.
Toda essa problemática foi enfrentada com grande espírito de coragem, abnegação, entusiasmo, ardor missionário e amor à Providência. Foram muitas outras heroínas que passaram, deixando marcas de bondade e dedicação que o povo jamais esqueceu. Citaremos entre elas: Irmã Maria Juliana Pillizzari, conhecida entre as Irmãs como a “Santa do Sertão”,
Irmã Maria de Assis Teixeira, Irmã Maria do Carmo Nery, Irmã Maria Mônica Marques de Oliveira, Irmã Therezinha Souza, Irmã Roberta Bustamante Leite, que trabalhou mais de vinte anos na Pediatria da Santa Casa, Irmã Umbelina Gatto, Irmã Aparecida Freitas, Irmã Leonice Ferreira, Irmã Matilde Costa e a última, Irmã Yolanda Vaz. Desde a fundação as Irmãs se dedicaram à evangelização no Hospital e nas Paróquias.
Irmã Maria Laura Macedo, vinda nos primeiros anos é lembrada com carinho e saudades por tudo que ela plantou, especialmente pelas aulas na Escolinha Paroquial e na Catequese. Depois foi substituída, por Irmã Maria Francisco de Sales, que além da Escolinha se dedicou à Catequese, ao Movimento Infantil “Cruzada Eucarística”, com cento e cinquenta crianças e outras atividades, como professora de Ensino Religioso no Ginásio Estadual, hoje escola Pe. Fidélis.
O Bispo Dom Lafayette Libânio ficou impressionado com o ardor missionário e o zelo apostólico de Irmã Maria Francisco de Sales, registrando no livro do Tombo da Paróquia Nossa Senhora da Conceição este testemunho. Muitas foram às lideranças cristãs que ela orientou e formou, e que ainda hoje são agentes dinâmicas na Sociedade, na Igreja e nas famílias.
Na Pastoral, outras Irmãs marcaram presença forte como Providência: Irmã Eudóxia com seus belos teatros, Irmã Nelly Inocêncio Pereira, Irmã Maria Hilária Inocêncio Pereira, e não muito distante, Irmã Nildes Schiavon, movimentando mais de quinhentos jovens, o Grupo COJOTA, atuando até nos dias de hoje.
No Círculo Bíblico, a presença da saudosa Irmã Corina Rodrigues de Figueiredo, com a sua eficiência, capacidade e competência nos estudos das Sagradas Escrituras, ministradas às Catequistas, aos Seminaristas, e a um grande número de adultos. Muitos frutos estão sendo colhidos desta fiel e doce missão, pois, são muitas as lideranças por ela formadas atuando na Sociedade e em diversas Pastorais da Paróquia.
Mulheres Consagradas a serviço da Igreja e dos pobres encontram oportunidade em ser providência para o outro, estendendo sua dedicação às Escolas, aos presidiários, como Educadoras, Missionárias atingindo às Capelas e os Bairros distantes e anunciando a Boa Nova aos pacientes do Hospital Santa Casa de Misericórdia.
No testemunho da Palavra e da Vida Religiosa, as Irmãs cultivaram e encaminharam três vocações ao Sacerdócio, e outras três para a Providência de Gap: Irmã Maria Leia de Oliveira, Irmã Ângela Vilches e Irmã Teresa de Jesus Vieira.
Não tendo medo de se arriscarem, enfrentando dificuldades e acreditando na alegria de se doarem sempre à Providência, viveram momentos de alegria na gratificação do anúncio da Boa Nova e na paixão pelo Reino, proclamando que Deus é Providência.
Após 62 anos dedicando-se à comunidade de Tanabi, as Irmãs deixam o Hospital Santa Casa São Vicente de Paulo, no dia 6 de novembro de 2003, e a Irmã Ângela, de forma provisória vai para a residência do Sr. Benedito Secundino Gomes, no bairro Nova Tanabi, na recente paróquia São João Batista, e lá, fica por sete meses, aguardando uma companheira da Providência para se mudarem para a residência definitiva que seria construída para abrigar a Comunidade. Isso se deu no dia 25 de junho de 2004, no bairro Domingos Lúcio de Vasconcelos (COHAB II).
No dia 22 de dezembro de 2007, às 24:00 horas, a Irmã Ângela Fresneda Vilches, última Irmã da Congregação da Providência de Gap, sai definitivamente de Tanabi.
Inauguração da Pediatria na Santa Casa Irmã Bertília, Irmã Maria Mônica e Alaíde Toschi
Irmã Maria Cristina, Madre Elizabeth (Superiora Geral no Brasil),Ir. Dorotéia, Ir. Benícia (Diretora da Santa Casa), Madre Anunciação.Dec. de 60
Rui Pontes, Ricardo, Olávo Queiroz, Irmã Dorotéia, Ecilda Violin,Irmã Lurdes, Irmã Angelina, e a Mestra Irmã Rute
Palavras de abertura, proferidas no Festival organizado pela Irmã Maria Eudóxia, em Tanabi, no salão dos Marianos, a 18 de abril de 1960
Distinto auditório!
Não é sem emoção que tomo do microfone, para substituir, aliás, momentaneamente, aqui o nosso amigo Ari Gilberto, na locução deste despretensioso Festival. Cabe-me a responsabilidade de apresentar-vos, na sua primeira exibição à luz das gambiarras, o GRUPO FOLCLÓRICO TANABIENSE, ORGANIZADO COM A COLABORAÇÃO DA Associação Rural de Tanabi. Quando Airton Domingues e Dorçídio Martins de Paula nos solicitaram o salão da sede da Rural para os primeiros ensaios desse grupo, ainda amorfo, nós, obtida a anuência dos companheiros de Diretoria, não só o cedemos, como procuramos estimular a organização desse corpo de baile popular.
Isso, porque é de nosso entender que a entidades dessa natureza cabe igualmente, além de suas tarefas específicas, aquela outra, complementar, sem dúvida, mas, não menos valiosa. Qual seja a da preservação dessas vivências tradicionais, que fazem o encanto do nosso meio rural. Principalmente, levando-se em conta o fato de nos localizarmos numa zona pioneira, em cujo “melting-pot” de raças heterogêneas, se não lhe oferecemos resistência, poderia evaporar-se até o nosso próprio senso de brasilidade.
Comandado, então, pelo entusiasmo nunca esmorecido do nosso Capitão Dorcídio, que encontrou no clã dos Augustos, chefiado por Jerônimo Augusto, o necessário ponto de apoio, eis que toma forma o Grupo Folclórico Tanabiense, em cuja estrutura não se encontram caipiras sofisticados, mas autênticos da beira do Jataí... e é este Grupo que vai apresentar-vos, agora, uma “FOLIA DE REIS”!
Dirigindo-nos, de preferência, àqueles que a ele assistem, pela primeira vez, e sem nenhuma pretensão de especialista no assunto, queremos lembrar a origem tipicamente portuguesa desse auto, para valer-nos da classificação do mestre dos mestres, em matéria folclórica, Luís da Câmara Cascudo, autor dessa obra, que é um verdadeiro monumento, alcantilado Pico da Neblina, em a já majestosa orografia do folclore universal, “Dicionário do Folclore Brasileiro”. Tanto é clara e insofismável essa origem que o hábito de folgar-se em bandos já nos é noticiado por Gil Vicente, pois já vamos encontrar, numa de suas “Fráguas D’Amor”, a quadrinha, que nos diz:
“Parece-me bem bailar
e andar numa folia,
ir a cada romaria,
com mancebos a folgar.”
É, pois, do consenso unânime dos folcloristas a sua procedência lusa, embora o Cônego Aluísio de Almeida haja notado a sobrevivência desse bando, também em caráter precatório, percorrendo certas regiões da Alemanha, até a Segunda Grande Guerra. Irmã gêmea da “Folia do Divino”, que chamou a atenção de Saint Hilaire, na sua “Viagem às nascentes do rio São Francisco e pela Província de Goiás”, a “Folia de Reis”, como estilização coral popular não deixa de ser interessante. É de notar-se o senso orfeônico de suas vozes díspares, mas, harmonizadas intuitivamente pelo dom musical de seus elementos estruturais.
O instrumental empregado, aqui, pela nossa Folia, é o mesmo tradicionalmente mantido pelas Folias do centro sul brasileiro, compreendidos os idiofones, no reco-reco; os membranofones, no pandeiro e na caixa; e os cordofones, no violino, na viola e no violão. Entre os aerofones, consoante a classificação de Mabillon, Hornbostel e Sachs, para os instrumentos da música primitiva, mais encontradiço nas Folias de Norte e Nordeste, está faltando, aqui, o Pife, visível corruptela de pífano, ou pífaro, também chamado gaita, na Bahia, estridente flautim de taquara, feito num só gomo , de cerca dois palmos, com seis furos circulares, precedidos de um janelinha quadrada, próxima à embocadura, que é regulada, no bocal, por um pequeno tampão de cera.
Aqui, no instrumental da nossa folia, temos a destacar a rabeca, que é uma peça maravilhosa do artesanato rural, confeccionada, que foi, por um caipira das barrancas do “Paraná”. Está certo que não se trata de nenhum Stradivárius, mas vale como uma demostração da vocação artística e da habilidade manual desse obscuro e anônimo Guarnerius sertanejo...
Minhas senhoras e meus senhores!
Pedindo a vossa benevolência para os modestos componentes do nosso Grupo, esperamos que Tanabi, possuindo já na obra do autor de “Expressões do Populário Sertanejo” uma das mais belas expressões do nosso patrimônio cultural, possa também, um dia, orgulhar-se e envaidecer-se da atuação deste Grupo Folclórico, que aí está convosco, para apresentar-vos a “Ghegada” e a “Despedida”de uma “Folia de Reis”. Uma salva de palmas para eles!
“CATERETE”
Antes de apresentar-vos o nosso Grupo Folclórico numa demonstração de Catira, acompanhado de seu complemento jocoso, que é o “Recortado”, seja-nos permitido formular algumas considerações de ordem geral, antes de entrarmos no Cateretê, propriamente dito.
Primeiramente, acentuemos que, em matéria de dança popular, não consideramos a nossa como das nações melhor aquinhoadas. O que possuímos, nesse terreno, nos veio da influência de povos em estágio cultural mais atrasado, como o índio autóctone e o africano escravo, sendo que o que nos deu, nesse sentido, a Europa ocidental nos proveio da dança portuguesa, que, apesar da vizinhança, não possui a variedade e a riqueza folclórica da dança hispânica, tão plena de duende, mas, também, tão cheia dos místicos arrebatamentos da profunda alma espanhola.
E, relativamente a danças, meus senhores, não podemos sequer nos referir à “dançarinagem” daqueles povos, que se estendem do leste europeu aos desertos da Ásia Menor e que fazem da dança, e que resumem no baile, e que sintetizam no balé a mais pura, a mais alta e a mais querida manifestação da arte nacional. Não invejamos, contudo, os nossos felizes irmãos americanos, herdeiros de muitos dos passos do baile espanhol, que, certamente, por transculturação fronteiriça, ainda percebemos nos elegantes bailados gaúchos.
Aceitemos, porém, o nosso Cateretê, tal qual como ele é. De origem indígena, como querem Mário de Andrade e Stradelli (influência, ao nosso ver, perceptível na fileira cerrada das duas alas de dançadores), de mescla negra, como pretende Arthur Ramos, que lhe admite ascendência caeté, como no côco das Alagoas, ele é nosso e bem nosso. Existe, no Brasil, desde os primeiros tempos da colônia. Assevera Couto de Magalhães, conforme colhemos em Câmara Cascudo, que o suave Padre Joseph de Anchieta compôs, em seu ritmo e solfa, versos para o Cateretê, conceituando-o como dança profundamente honesta. Tanto assim, que podia ser dançado sem mulheres. É, na verdade, dança máscula, apesar de Monteiro Lobato inquinar-lhe a música de aladainhada. Só não nos arriscamos à hipérbole de chamá-la digna dos Bandeirantes, porque a ela não vimos nenhuma referência nessa monumental “Marcha para Oeste”, de Cassiano Ricardo, como nessa inexaurível fonte de informações, igualmente modelo de correção de linguagem e graciosidade de estilo, que é “Vida e Morte do Bandeirante”, de Alcântara Machado. É o nosso notável tupinólogo, Professor Plínio Ayrosa, que assim lhe complementa a etimologia tupi-guarani: “catira-etê, diz o bailado verdadeiro, o que Anchieta permitiu que os índios praticassem nas procissões religiosas”.
Não seria, pois, dança indigna do caráter austero dos sertanistas... Já o nosso Sebastião Almeida, no “Expressões”, ao consignar catira como diminutivo de cateretê, lhe atesta a qualidade de dança de Deus, no consenso dos nossos sertanejos. Debalde, tentaram aproximá-la da carretera, dançada em Portugal, pelo século XVI. Renato Almeida confirma-lhe os foros de cidadania brasílica, ao incluí-la na sua “História da Música Brasileira”. Ela é, por conseguinte, nossa e bem nossa!
Permitimo-nos chamar a vossa atenção para a perfeição de conjunto do nosso Grupo Folclórico, tanto no palmeado como no sapateado, e bem assim para a capacidade de improvisação de cada um de seus integrantes. Aliás, contrariando, com o devido respeito, a opinião de Artur Ramos, que a limitava a três Estados, São Paulo, Minas e Rio, estendendo-a, consoante nossa observação pessoal, para estes e mais os Estados de Goiás e Mato Grosso, apraz-nos afirmar que estamos dentro da zona cultural do cateretê.
Não é de estranhar, portanto, que, em Tanabi, possamos exibir exímios dançadores desse baile. Apreciando-o e contribuindo para manter a sua sobrevivência, estaremos fiéis à admoestação do sociólogo de “Bandeirantes Pioneiros”, segundo a qual “devemos nos voltar espiritual e geograficamente para dentro de nós mesmos, sem renegar o nosso passado cultural europeu e sem tão pouco desprezar o índio e o negro”.
Sejamos, pois, permanentemente presos às raízes da nossa formação!
Convosco, agora, Capitão Dorcídio, compadre Jerônimo e seus bravos catireiros, para os quais eu vos peço uma calorosa salva de palmas!
Disse, João de Mello Macedo.
Discurso original transcrito acima
Artigos diversos sobre a saída das Irmãs da Santa Casa
No ofício respondido pelo Pe. Mário, enviado a Câmara Municipal, é visível que ele lavou as mãos em relação as Irmãs, pois, deveria ter seguido a mesma conduta dos outros padres que sempre lutaram pelas Irmãs; em seu paroquiato, não houve incentivo e nem abertura ás Irmãs na paróquia.
É, pois, do consenso unânime dos folcloristas a sua procedência lusa, embora o Cônego Aluísio de Almeida haja notado a sobrevivência desse bando, também em caráter precatório, percorrendo certas regiões da Alemanha, até a Segunda Grande Guerra. Irmã gêmea da “Folia do Divino”, que chamou a atenção de Saint Hilaire, na sua “Viagem às nascentes do rio São Francisco e pela Província de Goiás”, a “Folia de Reis”, como estilização coral popular não deixa de ser interessante. É de notar-se o senso orfeônico de suas vozes díspares, mas, harmonizadas intuitivamente pelo dom musical de seus elementos estruturais.
O instrumental empregado, aqui, pela nossa Folia, é o mesmo tradicionalmente mantido pelas Folias do centro sul brasileiro, compreendidos os idiofones, no reco-reco; os membranofones, no pandeiro e na caixa; e os cordofones, no violino, na viola e no violão. Entre os aerofones, consoante a classificação de Mabillon, Hornbostel e Sachs, para os instrumentos da música primitiva, mais encontradiço nas Folias de Norte e Nordeste, está faltando, aqui, o Pife, visível corruptela de pífano, ou pífaro, também chamado gaita, na Bahia, estridente flautim de taquara, feito num só gomo , de cerca dois palmos, com seis furos circulares, precedidos de um janelinha quadrada, próxima à embocadura, que é regulada, no bocal, por um pequeno tampão de cera.
Aqui, no instrumental da nossa folia, temos a destacar a rabeca, que é uma peça maravilhosa do artesanato rural, confeccionada, que foi, por um caipira das barrancas do “Paraná”. Está certo que não se trata de nenhum Stradivárius, mas vale como uma demostração da vocação artística e da habilidade manual desse obscuro e anônimo Guarnerius sertanejo...
Minhas senhoras e meus senhores!
Pedindo a vossa benevolência para os modestos componentes do nosso Grupo, esperamos que Tanabi, possuindo já na obra do autor de “Expressões do Populário Sertanejo” uma das mais belas expressões do nosso patrimônio cultural, possa também, um dia, orgulhar-se e envaidecer-se da atuação deste Grupo Folclórico, que aí está convosco, para apresentar-vos a “Ghegada” e a “Despedida”de uma “Folia de Reis”. Uma salva de palmas para eles!
“CATERETE”
Antes de apresentar-vos o nosso Grupo Folclórico numa demonstração de Catira, acompanhado de seu complemento jocoso, que é o “Recortado”, seja-nos permitido formular algumas considerações de ordem geral, antes de entrarmos no Cateretê, propriamente dito.
Primeiramente, acentuemos que, em matéria de dança popular, não consideramos a nossa como das nações melhor aquinhoadas. O que possuímos, nesse terreno, nos veio da influência de povos em estágio cultural mais atrasado, como o índio autóctone e o africano escravo, sendo que o que nos deu, nesse sentido, a Europa ocidental nos proveio da dança portuguesa, que, apesar da vizinhança, não possui a variedade e a riqueza folclórica da dança hispânica, tão plena de duende, mas, também, tão cheia dos místicos arrebatamentos da profunda alma espanhola.
E, relativamente a danças, meus senhores, não podemos sequer nos referir à “dançarinagem” daqueles povos, que se estendem do leste europeu aos desertos da Ásia Menor e que fazem da dança, e que resumem no baile, e que sintetizam no balé a mais pura, a mais alta e a mais querida manifestação da arte nacional. Não invejamos, contudo, os nossos felizes irmãos americanos, herdeiros de muitos dos passos do baile espanhol, que, certamente, por transculturação fronteiriça, ainda percebemos nos elegantes bailados gaúchos.
Aceitemos, porém, o nosso Cateretê, tal qual como ele é. De origem indígena, como querem Mário de Andrade e Stradelli (influência, ao nosso ver, perceptível na fileira cerrada das duas alas de dançadores), de mescla negra, como pretende Arthur Ramos, que lhe admite ascendência caeté, como no côco das Alagoas, ele é nosso e bem nosso. Existe, no Brasil, desde os primeiros tempos da colônia. Assevera Couto de Magalhães, conforme colhemos em Câmara Cascudo, que o suave Padre Joseph de Anchieta compôs, em seu ritmo e solfa, versos para o Cateretê, conceituando-o como dança profundamente honesta. Tanto assim, que podia ser dançado sem mulheres. É, na verdade, dança máscula, apesar de Monteiro Lobato inquinar-lhe a música de aladainhada. Só não nos arriscamos à hipérbole de chamá-la digna dos Bandeirantes, porque a ela não vimos nenhuma referência nessa monumental “Marcha para Oeste”, de Cassiano Ricardo, como nessa inexaurível fonte de informações, igualmente modelo de correção de linguagem e graciosidade de estilo, que é “Vida e Morte do Bandeirante”, de Alcântara Machado. É o nosso notável tupinólogo, Professor Plínio Ayrosa, que assim lhe complementa a etimologia tupi-guarani: “catira-etê, diz o bailado verdadeiro, o que Anchieta permitiu que os índios praticassem nas procissões religiosas”.
Não seria, pois, dança indigna do caráter austero dos sertanistas... Já o nosso Sebastião Almeida, no “Expressões”, ao consignar catira como diminutivo de cateretê, lhe atesta a qualidade de dança de Deus, no consenso dos nossos sertanejos. Debalde, tentaram aproximá-la da carretera, dançada em Portugal, pelo século XVI. Renato Almeida confirma-lhe os foros de cidadania brasílica, ao incluí-la na sua “História da Música Brasileira”. Ela é, por conseguinte, nossa e bem nossa!
Permitimo-nos chamar a vossa atenção para a perfeição de conjunto do nosso Grupo Folclórico, tanto no palmeado como no sapateado, e bem assim para a capacidade de improvisação de cada um de seus integrantes. Aliás, contrariando, com o devido respeito, a opinião de Artur Ramos, que a limitava a três Estados, São Paulo, Minas e Rio, estendendo-a, consoante nossa observação pessoal, para estes e mais os Estados de Goiás e Mato Grosso, apraz-nos afirmar que estamos dentro da zona cultural do cateretê.
Não é de estranhar, portanto, que, em Tanabi, possamos exibir exímios dançadores desse baile. Apreciando-o e contribuindo para manter a sua sobrevivência, estaremos fiéis à admoestação do sociólogo de “Bandeirantes Pioneiros”, segundo a qual “devemos nos voltar espiritual e geograficamente para dentro de nós mesmos, sem renegar o nosso passado cultural europeu e sem tão pouco desprezar o índio e o negro”.
Sejamos, pois, permanentemente presos às raízes da nossa formação!
Convosco, agora, Capitão Dorcídio, compadre Jerônimo e seus bravos catireiros, para os quais eu vos peço uma calorosa salva de palmas!
Disse, João de Mello Macedo.
Discurso original transcrito acima
Artigos diversos sobre a saída das Irmãs da Santa Casa
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